Leia agora mesmo a Parte I do nosso especial Espaçonaves no Cinema e na TV!
Enterprise, A Nave
A Enterprise foi escolhida na Comic-Con 2012 a melhor nave espacial da ficção científica. Mesmo que você discorde, esqueça suas paixões por esta ou aquela saga espacial e reconheça: este modelo original foi um grande marco do gênero.
Vista pela primeira vez na série original de Jornada nas Estrelas em 1966, a USS Enterprise NCC 1701, foi uma revolução, embora tímida, na forma das naves. Foi um grande sucesso usar formas já consagradas em uma combinação inusitada: um disco principal na proa, um corpo com uma cara de submarino “embaixo”, dois foguetes estilizados na popa no mesmo nível do disco e tudo isso ligado por delgadas hastes inclinadas e aerodinâmicas. Eu não faria melhor.
Os tais foguetes estilizados foram chamados de naceles, termo aeronáutico usado para indicar suportes aerodinâmicos de motores, tanques de combustível e demais equipamentos geralmente acoplados às asas do avião. Estes detalhes estruturais foram dominantes no padrão de propulsão do universo de Jornada nas Estrelas: a dobra espacial.
Todas as naves da Federação usam naceles expostas ou embutidas. Os klingons e romulanos também. Até raças totalmente alienígenas as utilizaram ao longo das nove séries que formam o universo ficcional de Jornada nas Estrelas. O uso de naceles de dobra funcionou como uma espécie de convergência tecnológica deste universo. As demais versões (A, B, C, D, E e protótipo NX) da Enterprise não fugiram muito do desenho geral.
A ficção imita a guerra aeronaval
Em 1977 foi lançado o primeiro filme da saga Star Wars. No seu rastro o gênero ficção científica espacial retomou animo. Sugiram séries novas como Galactica (1978). Devemos também ao sucesso de Star Wars o retorno renovado da saga Jornada nas Estrelas, que emplacou vários filmes no cinema e spin-offs na TV.
Cabe destacar uma série de TV bem original que veio em 1994: Babylon 5. Rica em naves inovadoras, Babylon 5 destaca-se em uma categoria particular: formas orgânicas. Naves desta categoria lembram casulos, insetos, moluscos e sementes. Geralmente são usadas para representar naves alienígenas.
Outra característica importante que influenciou vários modelos é a disposição estrutural semelhante ao um navio de guerra. A Enterprise Refit NCC 1701-A, que aparece no primeiro longa-metragem de Jornada nas Estrelas, tem naceles idênticas aos cascos de submarinos. A nave USS Reliant (Classe Miranda) que aparece no filme Star Trek II: The Wrath of Khan (1982) tem naceles com o mesmo formato e dispostas para baixo à semelhança de um catamarã.
Já os Destróieres Imperiais de Star Wars (ep. IV – 1977), os porta-aviões da Galactica (1978) e a nave Excalibur de Crusade (spin-off de Babylon 5 de 1999) são exemplos claros da navalização das espaçonaves da ficção.
Neste tipo de estrutura há uma orientação vertical ao estilo dos navios de guerra: ponte de comando bem alta, armamento um pouco mais abaixo e engenharia ou sala de máquinas mais baixo ainda. A nave é estratificada na forma de deque sobre deque. Há uma proa e uma popa imitando a navegação marítima. Claro que no espaço isso não faz o menor sentido. Não há alto nem baixo. Na verdade, a ponte de comando deveria ser estrategicamente situada no centro da nave, sob camadas e mais camadas de metal. Uma simetria esférica ofereceria maior proteção ao comando.
O uso de referências navais atingiu o seu máximo no encouraçado Yamato, onde um barco é transformado em nave espacial. Mas outras aproximações mais sutis podem facilmente serem vista em outras obras de ficção científica, principalmente na ideia de navio-aeródromo, porta-aviões ou nave mãe. Galactica era claramente inspirada um enorme porta-aviões, denotando um padrão interessante que foi seguido por vários Space Opera: fazer as naves grandes semelhantes a navios e as naves menores semelhantes a aviões.
A famosa Millennium Falcon (Star Wars ep. IV – 1977), apesar da forma arredondada, tinha várias características estruturais de um bombardeiro tipo fortaleza voadora. O para-brisa da cabine era semelhante ao do B29 e a artilharia defensiva semelhante à cabine de metralhadora motorizadas do B17. O item mais inovador desta nave emblemática precisa ser notado: a assimetria. A cabine ficava de um lado e não no eixo da nave. Do outro lado havia uma grande parabólica sobre o casco externo. A assimetria da Millennium Falcon é realmente harmoniosa.
Outra analogia seguida no design de caças espaciais foi o uso de entradas ou tomadas de ar praticamente idênticas às turbinas dos jatos atmosféricos. O que eles sugariam no vácuo? Pura opção de design. É o caso do X Wing de Star Wars que, além disso, apresentava a curiosidade de ter quatro motores turbinados. Caça quadrimotor é algo que nunca existiu no mundo real.
O Starfury, do universo Babylon 5, também tinha quatro motores com venturis dispostos em cruz formando um sistema muito realista para controlar a atitude e direcionar o movimento da nave. O Viper de Galactica era um caça trimotor com direito até a pós-combustor. O Naboo Fighter (Star Wars – ep. 1 – 1999) era um caça bimotor com fuselagem que me lembra uma mistura de dois aviões ingleses da Segunda Guerra Mundial.
Ainda sobre as inspirações para o Naboo Fighter, vale ressaltar a disposição das asas adiantadas à cabine que lembra o monomotor Supermarine Spitfire e os dois motores que lembram o de Havilland Mosquito. A parte cromada se destaca e o desenho geral lembra enfeites de capô comum na estética automobilística dos anos 50. Para mim este é o caça mais bonito do universo Star Wars.
Por Naelton Mendes de Araujo, diretamente para o Ao Sugo
Gostei muito do design dos raiders Cylons também. Orgânico e metal, foi uma ideia ótima. 🙂
Eu gostava mais dos caças cilônios da série antiga… mas de fato os novos raiders são mais orgânicos e mais coerentes com enredo moderno mais voltado pra vida cibernética.