– Chewie, fique de olho nesses dois passageiros estranhos lá no fundo – foi como Han Solo se dirigiu ao seu amigo peludo e co-piloto da nave mais rápida de toda a Galáxia Conhecida, a Millennium Falcon. Sua inquietação não era infundada, pois tinha visto há pouco o velho Obian-alguma-coisa instruir o mais jovem, um tal de Luke Star… Starkiller ou algo assim a se defender de raios com uma espada laser.
Era só aquela espada engraçada cair ligada no chão que poderia abrir um rombo do tamanho da boca de um Sarlacc na fuselagem da Falcon. E Solo sabia mais do que ninguém que seria difícil conseguir outro tesouro como essa nave num jogo de sabacc.
Chewie por outro lado era uma figura engraçada dessa parte da galáxia. Grande e incapaz de falar uma sílaba em Aurabesh, o wookie tanto intimidava com a sua estatura e andar desajeitado, como também ocultava um terno coração mole. Ao chegar na cabine principal da Falcon ficou bastante incomodado com um pequeno e robusto dróide astromecânico interessado em sua mesa de jogos holográficos. Com seus conectores todos engatilhados para checar a configuração dos jogos, R2-D2 não tinha a menor noção do perigo que corria, mesmo ao som dos insuportáveis “Roooooowwrrrrrrrr” do gigante wookie.
– R2, seu barril de lata, afaste-se desta mesa antes que o wookie lhe arranque seu chip motivacional. Eu sabia que esse pedaço de exaustor iria me causar problemas… Oh céus! Desculpe o meu pequeno amigo, eu sou C-3P0, dróide de relações humanas ao seu dispor…
Surpreso com a comitiva quase circense dos dróides e dos passageiros incomuns o wookie baixa a guarda e retém seus olhos no robô dourado. Dróide o quê? Bem, era apenas outro serviço, ganhariam um bocado com o transporte desse pessoal e livraria a barra de Han com o maldito Jabba. Após aceitar uma partida de Dejarik com o dróide astromecânico sob insistência de C-3P0 (provavelmente para evitar algum incidente mais sério como arrancar o braço de um de seus contratantes…) o wookie e os passageiros são interrompidos pela voz de Han no cockpit. Nervoso, dizia estar recebendo uma transmissão imperial.
Exasperado com seus “eles nos acharam, eles nos acharam!” Luke Skywalker não conseguia se sentar nas poltronas do cockpit de tanta ansiedade. Enquanto o velho Obi Wan Kenobi lhe pedia para manter a calma até ouvirem a transmissão, Luke não sabia se preferia ser jogado no espaço agora enquanto tinha tempo ou se enfrentava os assassinos de seus tios.
– Mas eu pensei que a HoloNet estivesse restrita apenas às naves imperiais, isso não é possível – choramingava Han Solo enquanto verificava em todas as luzinhas da cabine de comando para ver se aquilo realmente estava acontecendo. O led que indicava “Recepção HoloNet” piscava intermitentemente, independente dos socos e chutes do capitão coreliano nos anteparos… – Eu tinha certeza que vocês eram passageiros procurados com algum delírio de grandeza… e eu aqui preocupado com o Jabba! Daqui a pouco me pedem para, para… resgatar uma princesa!
– Calma, vamos ouvir esta transmissão… estranho, parece mesmo dirigida à Millennium Falcon – olhava paciente o ancião Obi Wan para os controles. Ao mover o switch para Play todos observavam atônitos a imagem em miniatura de um oficial do Império Galático se formando sobre a pequena plataforma empoeirada de holografia da cabine.
“Bom dia, escória rebelde. Sou o Capitão Gilad Pellaeon do Destróier Estelar Imperial Quimera. Transmito-lhes a saudação de meu almirante Thrawn e repasso-lhes um convite direto de sua alteza o Imperador Palpatine e de Lorde Darth Vader para comparecerem impreterivelmente daqui um dia-luz na nossa mais nova instalação imperial, a Bola de Natal da Morte, para o Especial de Fim de Ano do Ao Sugo, a ceia de Natal e o tradicional amigo jedi secreto (ou amigo hutt oculto, como dizem os corelianos). Por fim, devo lembrar o jovem Luke Skywalker que a sua presença esse ano no coral da Mocidade Jedi é mais do que aguardada pelo Imperador. Sem mais, vida longa e próspera a todos.”
Victor Hugo