Victor Hugo, Jakku – A famosa Trilogia Thrawn de Timothy Zahn foi a primeira série de publicações do Universo Expandido de Star Wars destinado a contar o que aconteceu depois de Star Wars VI – O Retorno de Jedi. Antes as iniciativas dentro do UE se resumiam na novelização do Episódio IV em 1976 e o livro Splinter of the Mind’s Eye em 1978, sem contar as sofríveis adaptações para os quadrinhos feitas pela Marvel Comics durante longos e longos anos.
É certo que Zahn catapultou toda uma prolífera produção do que convencionamos a chamar de UE, seguido de perto de Tom Veitch e Kevin D. Anderson. Como característica marcante do autor, Zahn conseguiu captar o estilo dos filmes e transportar essa narrativa ágil para os livros, sendo até hoje uma das melhores referências para quem quer começar a se aventurar pelo UE. Da trilogia, além do próprio Thrawn, Talon Karrde, Pellaeon e C’Baoth, devo destacar o surgimento de uma das minhas personagens favoritas de toda toda toda sagada, Mara Jade, A Mão do Imperador.
Naqueles três livros fomos apresentados à aprendiz do Imperador Palpatine, assassina profissional treinada no Lado Sombrio da Força que tinha como programação última matar o herói da Aliança Rebelde, Luke Skywalker. Mas numa jogada à la Inimigo Meu, não só Luke faria com que Mara Jade se livrasse de sua programaçãocomo se apaixonaria por ela no futuro.
Um longo e estável relacionamento foi criado entre os dois, com Luke Skywalker ensinando Mara Jade nos caminhos da Força e contrariando toda idéia da Nova Trilogia de que não era permitido aos jedi desenvolver qualquer tipo de relacionamento afetivo dessa sorte. Contudo, a coisa deu tão certo que Mara Jade se transformou facilmente na queridinha de grande parte dos fãs, considerada indispensável dentro da saga espacial. Sua presença em jogos, quadrinhos e livros consolidam sua presença, continuamente retraçada para dentro dos filmes da Trilogia Clássica como uma espiã, uma coadjuvante, etc.

Todos sabíamos que os dois se amavam. A união formal jamais foi contada em detalhes em qualquer livro do UE, mas todos sabíamos disso. Foi uma imensa felicidade quando Michael Stackpole, outro autor figurão dos livros e quadrinhos de Star Wars decidiu arregaçar as mangas e trazer finalmente um registro do casamento. Voilá, apresento-lhes Star Wars – Union!
Lançado em agosto de 2000 (e que inclusive chegou no Brasil pela Ediouro), Star Wars – Union consiste em uma minissérie de 4 edições de 22 páginas cada, narrando justamente os preparativos para um dos casamentos mais importantes de toda a Galáxia Conhecida. Um dos, não o mais importante: não podemos esquecer do mega esperado casamento da Princesa Leia Organa com o salafrário corelliano Han Solo.

Com roteiros do já aclamado Michael Stackpole (Star Wars – X-Wing: Rogue Squadron, I Jedi) e um trabalho primoroso de Robert Teranishi nos desenhos, Union traz duas histórias acontecendo ao mesmo tempo: o casamento de Luke e Mara, lógico, enquanto ex-agentes Imperiais bolam um plano maluco para impedir a união, transmitida em toda a Galáxia Conhecidacomo forma de selar por fim a paz entre Aliança e Império.
Apesar da impressionante habilidade de Teranishi no lápis, infelizmente Union foi um fiasco entre os fãs mais conversadores. O primeiro problema sério está no roteiro mirabolante de Stackpole para o formato de quadrinhos, mostrando Agentes Imperiais estúpidos que ficam a todo momento procurando alguma maneira de sabotar o casamento, enquanto Luke & Cia estão se preparando (e se divertindo ou se embebedando) como faríamos na vida real.

Ok, pode parecer até uma crítica ranzinza, mas essa proximidade do universo de Star Wars com o mundo real, o nosso mundo, sempre foi crítica dos fãs do UE. Por que Luke e Mara devem celebrar um casamento aos moldes cristãos, com direito a vestido de noiva branco, damas-de-honra, etc. Aliás, é a primeira vez que vi o pobre Luke Skywalker com gel e cabelo penteado para trás…
E aí entro no segundo problema seríssimo de Star Wars – Union, o descolamento dos personagens que conhecemos nos filmes em situações realmente difíceis. Sempre soubemos do casamento, mas é realmente um problema quando todas as páginas são entremeadas de beijos e “eu te amo” entre todos os casais, questão que Irvin Kerschner percebeu sabiamente ainda no Star Wars V – O Império Contra-Ataca ao lidar com o relacionamento de Han e Leia. A sutileza e a omissão dessas questões transformou o filme numa obra-prima sem tamanho. Todos sabíamos que os dois estavam juntos. E todos estávamos torcendo por eles do começo ao fim do filme! Não é o que acontece em Union.

Nos quadrinhos notamos um Luke Skywalkerperdido em sua despedida de solteiro (hã?), quase sendo morto por um alienígena embriagado, enquanto Han, Lando e Wedge ficam rindo diante da confusão. Preocupações insossas como o maldito vestido da noiva tomam os 4 fascículos, sendo o primeiro alvo dos ex-Imperiais agora terroristas: a idéia era colocar uma bomba no vestido de Mara Jade, antes espiã e assassina profissional treinada no Lado Sombrio e agora uma completa Jedi…
Contudo, Union traz o registro de um evento que nunca vimos antes, nos livros, filmes, etc., sendo interessante dar uma olhadela, mesmo que por mera curiosidade. Para os fãs, o trabalho de Teranishi é realmente louvável, presente em todas as faces, naves, cenários, tudo. O desenhista foi capaz de perceber com muita habilidade como capturar os personagens de maneira realista. Eis a sugestão.







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