E ele conseguiu de novo! Em suas peripécias no mundo da arqueologia Indiana Jones salvou o mundo mais uma vez de um inimigo poderoso, desta vez, a União Soviética. Eis o tema de Indiana Jones and the Kingdom of Crystal Skull, o quarto filme da série lançado nos últimos dias em todos os cinemas do mundo, obra de mais uma incrível parceria entre o Steven Spielberg e George Lucas (aos cabeções de plantão, podem xingar os dois o quanto quiserem, mas não é possível negar que os dois desde sempre trouxeram alguns dos filmes que mais marcaram a história do cinema, Hollywood e nossas vidas, vem não…).
Após 19 anos longe das telas, o bom e velho Indy retorna, agora em 1957 em busca de El Dorado, a mítica cidade de ouro escondida no meio da Floresta Amazônica, ele com seu filho “Mutt” Henry Jones Jr., vivido por Shia Le Beouf (notem que esse cara está em todas agora… quem diria, caçar demônios como o taxista de Constantine seria o Caminho de Damasco para o jovem ator) e Marion Ravenwood, aham, ela mesma, vivida pela atriz que lhe deu vida logo no primeiro filme de Indy, Karen Allen.
O filme, com certeza é uma bomba de ação do começo ao fim e no melhor estilo do bom e velho Indiana Jones e, diga-se de passagem, agora velho mesmo que precisa enfrentar esta aventura para salvar sua antiga namorada das mãos da vilã ucraniana Irina Spalko interpretada por Cate Blanchet num cabelinho chanel preto bem curtinho e falando com sotaque russo… Bom, o que mais ouvi e que mais me deixou irritado é sobre a falta de verossimilhança do enredo cheio de ocultismo e das cenas de ação, como a tétrica cena da geladeira voadora (quem assistiu sabe do que to falando; só não revelo mais para não estragar a expectativa dos que ainda não viram o filme): me deixou irritado por quê? Bem, óbvio: é um filme do Indiana Jones, o famoso arqueólogo criado há 27 anos por George Lucas e Philip Kaufman que sempre – sempre – teve como fundamento nas suas histórias associar uma aventura arqueológica – repleta de peripécias impossíveis – que anda de mãos dadas com o misterioso e o oculto. Em Raiders of the Lost Ark Indy recupera a Arca da Aliança que, quando aberta pelos nazistas, libera um poder imensurável e sem explicação… Em The Temple of Doom o próprio Indy cai aos encantos maléficos de Mola Ram, sacerdote que com as três pedras mágicas de Sivalinga têm poder sobre o mundo místico de Sankara e, sendo impossível deixar de mencionar, a aventura que se mescla à trama religiosa por trás do Santo Graal em The Last Crusade. Desse modo, a última coisa que se poderia esperar de um filme do Indiana Jones seria um cuidado com a verossimilhança.

Continuando o lançamento de facas, bem, também muito ouvi das cenas de ação do filme, muitas delas improváveis como a luta de Mutt contra Irina com um pé em cada carro em alta velocidade. Bem, quem assistiu The Temple of Doom vai encontrar variação semelhante na corrida desenfreada dos carrinhos dentro da mina, ou mesmo a batalha em cima de um tanque da Primeira Guerra Mundial contra os nazistas em The Last Crusade ou, hum, na briga dentro do barzinho de Marion Ravenwood no Nepal em The Raiders of the Lost Ark ou então no arranca-rabo com a gangue chinesa de Lao Che no Bar Obi Wan em The Templo of Doom ou então… já entenderam o meu ponto? Estas aventuras fantásticas, com piruetas mirabolantes e um flerte direto com o oculto são características intrínsecas dos filmes do Indiana Jones, sendo no mínimo ridículo me dizerem que este filme peca por conter tudo isso: pessoal, um filme do Indiana Jones não seria um filme do Indiana Jones sem tudo isso, por favor!
Este último filme custou a pequena bagatela de 125 milhões de dólares, quantia que, para Spielberg e Lucas não são nada. Como disse Angélica Bito para o Cineclick ambos os cineastas possuem um “toque de Midas” para poder trazer após 19 anos uma das aventuras de matiné tão saudáveis quanto àquelas que eles proporcionaram para todos nós na década de 80 e 90. O enredo principal associa diretamente o toque de Spielberg quanto à temática (que não vou dizer aqui, vai ver o filme se você está curioso, mas que coisa) e que de início me causou certa estranheza: para quem viu o filme, este tema já foi, é e sempre será sucesso nas discussões de bar, programas de televisão, livros… Todavia, o belo do filme é poder propiciar a um cara como eu, que nem era tão fã do Indy, recuperar algumas das melhores memórias que tive na infância e que, aposto, todos vocês tiveram também.
Assisti o filme dublado. Eu, cinéfilo e muito chato quanto à legendagem e a dublagem, mas assisti dublado por falta de opção. Adivinhem: a dublagem não estragou em nada o sentimento de nostalgia pelos personagens, feito que ficou mais memorável por ter sido dublado pelos mesmos dubladores dos três primeiros filmes do Indiana! Fui convidado para a pré-estréia e o cinema lotou rapidamente, mas reassisti na tarde do dia seguinte na matiné, com o cinema cheio de pais e filhos: fiquei impressionado com a participação ativa do público com a narrativa, tendo um menino sentado na fileira atrás de mim e do Marcus gritando de emoção e diversão a cada pirueta do arqueólogo, chegando ao fim do filme e o cinema estar repleto de palmas para o desfecho. Apesar de já não ser aquela criança de 6 anos quando vi os dois primeiros filmes (em casa e na tv, detalhe: não cheguei a pegar os filmes do Indy no cinema), fiquei bastante comovido por notar que nosso querido personagem, agora já bastante velho e imortalizado por Harrison Ford, ainda é capaz de comover e levar a criançada à loucura. Longa vida ao Indiana!
Victor Hugo
Foto: site oficial, www.indianajones.com







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