Spoilers
Victor Hugo, Coronet, Corellia – E finalmente o Imperador Palpatine é morto por Darth Vader, que o arremessa por um longo duto de ventilação da Segunda Estrela da Morte. Seu ato supremo de redenção o leva ao fim da vida, dizendo adeus ao seu filho Luke Skywalker.
Assim acabou Star Wars – O Retorno de Jedi, levando uma legião de fãs em todo o planeta aos prantos e/ou ao êxtase, indicando a vitória final da Aliança Rebelde sobre o Segundo Império Galáctico. Gostaria que fosse simples assim.
Mal sabiam os rebeldes que o Império ainda mantinha uma segunda guarnição em Endor, além de um plano terrível na manga, a Operação Cinzas. Mesmo com a morte do Imperador Palpatine, esta seria sua mensagem final aos seus adversários.
Star Wars – Shattered Empire foi lançada pela Marvel Comics em setembro e outubro de 2015, sendo parte integrante do selo Journey To the Force Awakens. A minissérie inicia sua narrativa imediatamente após os eventos do Retorno de Jedi, sendo possível acompanhar por outro ângulo tanto os momentos da batalha decisiva contra o Império, como também a comemoração rebelde em Endor.
Escrita por Greg Rucka e com a arte de Marco Cecchetto, Angel Unzueta e Emilio Laiso, Shattered Empire mostra como ainda existem vários focos de resistência imperial por toda a Galáxia Conhecida, sendo a morte de Palpatine e Vader apenas uma importante vitória, mas não o fim da batalha.
Incorporando a capa magistral de Phil Noto e com uma das melhores artes que já vi no mundo dos quadrinhos, Shattered Empire faz menção ao livro Star Wars – A Missão do Contrabandista (Seguinte, 2015), também de Greg Rucka, na figura da Agente Imperial ISB Alecia Beck, uma maluca de olho biônico conhecida por sua arrogância de um tamanho de um Star Destroyer.
Shattered Empire apresenta os pais de Poe Dameron, nosso ás de O Despertar da Força. Na minissérie conhecemos sua mãe, Shara Bey, como piloto de A-Wing do Esquadrão Verde, tendo acompanhado nada mais, nada menos, que Princesa Leia em uma missão em Naboo e o Comandante Luke Skywalker em Vetine.
Já Kes Dameron faz parte das Forças Especiais Pathfinders, o esquadrão de assalto liderado pelo General Han Solo em batalhas campais. É Kes e equipe que descobrem a extensão dos planos imperiais após a morte de Palpatine e Vader, tendo bastante importância em toda a narrativa.
Kes Dameron e Shara Bey foram ambos criados por Greg Rucka, porém sua apresentação é bastante tímida nas quatro edições que compõem a minissérie. A minha impressão é que as 88 páginas, ricamente ilustradas, não deram conta de dar a tridimensionalidade e profundidade aos dois personagens.
Não podemos, no entanto, falar mal da habilidade de Rucka em manter o ritmo e velocidade da narrativa tão característicos da saga de Star Wars. Assim como tanto dizia George Lucas na direção do Episódio IV, “mais rápido e mais intenso” marca cada uma dessas 88 páginas, sendo uma excelente leitura casual.
Não espere encontrar o pequeno Poe Dameron na minissérie. Como toda publicação lançada pelo selo Journey to the Force Awakens, Shattered Empire apenas apresenta tais personagens e “pistas”, com um desenvolvimento insatisfatório e bastante decepcionante se comparados ao antigo Universo Expandido de Star Wars.
Nesse quesito, a política editorial do Lucas Story Group é bastante complicada, senão um desrespeito aos fãs mais tradicionais. Comparem essa publicação, que narra os eventos após o Retorno de Jedi, com a antiga Trilogia Thrawn, Dark Empire ou mesmo a trilogia de Kevin Anderson: a impressão que fica é que o antigo Universo Expandido e a antiga Lucas Licensing tinha mais coragem e liberdade criativa que o novo grupo editorial.
Críticas à parte, Shattered Empire é um colírio para os olhos dada a arte interna, algo que deve ser destacado e que faz com que a minissérie faça parte de todos os fãs. Esperemos por mais Shara Bey e Kes Dameron no futuro, mas com mais profundidade e consistência.
Li a edição digital disponível na Amazon, podendo ser lida tanto no Kindle quanto no Comixology (e digo que no Comixology vale a pena, pelo manuseio e qualidade da edição). A edição contém os números primeiros do Princess Leia (arte fantástica de Terry Dodson, além do roteiro sublime de Mark Waid) e Star Wars (de 1977, recolorizado). Que a Força esteja com vocês.