The Captains – Uma homenagem aos capitães de Jornada nas Estrelas, ops, ao William Shatner

Senhoras e senhores, acabei de rever o documentário The Captains, agora disponível em alta resolução no Netflix. Lançado em 2011 com roteiro e direção de William Shatner, o nosso estimado Capitão James Tiberius Kirk, o documentário apresenta as vidas dos nossos capitães de Jornada nas Estrelas.

Partindo de uma proposta bastante intimista, seja pelo approach com várias entrevistas, mas também pelos temas, cenários e trilha sonora, The Captains retraça a trajetória de William Shatner enquanto Capitão Kirk, refletindo acerca dos dilemas mundanos enfrentados por todos os atores que o sucederam durante as gravações.

No filme, Shatner entrevista Sir Patrick Stewart (Capitão Jean-Luc Picard), Avery Brooks (Capitão Benjamin Sisko), Kate Mulgrew (Capitã Katheryn Janeway), Scott Bakula (Capitão Jonathan Archer) e Chris Pine (Capitão James T. Kirk nos novos filmes), discutindo sobre suas vidas e carreiras antes, durante e após o “Efeito Jornada nas Estrelas“, marco na cultura pop que promete, no ano de 2017, retornar na televisão num novo seriado.

Parabéns William Shatner

Já tinha assistido ao documentário assim que saiu, tendo sido uma oportunidade para revisitar alguns dos meus atores favoritos que, de uma forma ou de outra, fizeram e ainda fazem parte da minha vida. Ainda sustento a triste constatação que o documentário parte de uma premissa equivocada ou foi vendido de maneira a confundir o telespectador.

The Captains apresenta, na verdade, a vida do próprio Shatner, revisitando a sua vida e carreira que, por tanto tempo negou (e talvez ainda negue). É bastante sabido que Shatner sempre encarou sua participação em Jornada nas Estrelas com grande ressentimento, tendo perdido, no meio do caminho, vários amigos, sem contar vários dissabores. Apesar de tentar se redimir nas conversas com seus colegas no documentário, as afirmações parecem bastante elusivas.

No documentário Shatner aborda seus companheiros de seriados para buscar respostas para vários de seus próprios problemas e inquietações, procurando por uma razão ou razões da importância de seu papel enquanto personagem principal de uma das franquias de maior sucesso do mundo do entretenimento.

Certamente que isso soa pomposo e tão pouco humilde, algo que já era dito por alguns de seus companheiros da Série Clássica (1967-1969) no set. Em entrevistas, Shatner chegou a afirmar que não procurava selar amizades no estúdio, sendo apenas uma relação de trabalho, o que deixou muita gente incomodada.

Apesar da abordagem controversa do documentário (tenho lá meus desafetos), The Captains vale, na verdade, para conhecermos a grandeza dos outros atores quando conversam sobre suas vidas. Nesse documentário podemos ver a elegância de Sir Patrick Stewart ao dizer que tem orgulho de sua atuação enquanto Capitão Picard. Já Kate Mulgrew se mostra enquanto uma mulher formidável, evadindo de algumas questões bastante machistas e grosseiras de Shatner, dignas de baldes e mais baldes de vergonha alheia.

Temos também uma entrevista extremamente divertida e cativante com Avery Brooks sentado ao piano, respondendo às perguntas de Shatner com música e música apenas. Em vários momentos parece que Brooks eleva a discussão a tal ponto que Shatner não consegue acompanhar. E temos os depoimentos calorosos de Scott Bakula na sua curta trajetória em Jornada, além da passagem oficial do bastão para Chris Pine.

Lembro-me de uma entrevista de Shatner à CBC – Canada Broadcasting Corporation, que seu maior medo é a morte, com o temor de perder “tudo isso”, como reafirma no documentário. Tal ponto é evocado por vários momentos no documentário, o que me fez pensar sobre o livro O Retorno do Capitão Kirk, como uma forma de negação simbólica da própria morte por parte do ator. No fundo, parece que o medo da morte permeia as discussões do documentário, uma mão invisível e sinistra que é rebatida com as respostas mais graciosas possíveis por parte de Stewart, Brooks, Mulgrew e Bakula.

The Captains tem seus problemas (e olha que são muitos), mas as mensagens trazidas pelos outros capitães são poderosas. Revi o documentário umas 3 vezes na vida e em todas elas termino com a sensação de que são pessoas excelentes, daquelas que a gente quer conversar e dividir uma xícara de café ou uma Coca-Cola. Aproveitem que o documentário está disponível com legendas em português, sabe lá até quando. Vida longa e próspera.

Victor Hugo Kebbe

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