Passei os últimos dias envolto em uma pequena maratona de episódios de Jornada nas Estrelas – A Nova Geração, rememorando vários momentos de minha adolescência. Ainda acho bastante impressionante o impacto que esse seriado teve e tem na minha vida. A Nova Geração foi o seriado de Jornada que me pegou, me apresentou um universo imenso de ficção científica e me fez e faz acreditar na humanidade.
Me lembro até hoje a sensação que tive ao ver a Seção Disco da USS Enterprise D se desprender da Engenharia, algo previsto, porém inédito na franquia. É bobo, mas até hoje eu prendo a respiração ao acompanhar toda a manobra quando assisto e reassisto o episódio piloto Encontro em Longínqua, de 1987.
A Nova Geração nasceu 20 anos após a estreia de Jornada nas Estrelas, hoje conhecida como A Série Clássica, um seriado que trazia as aventuras da Nave Estelar USS Enterprise em sua missão de cinco anos em de novos mundos e novas formas de vida. Sob comando do Capitão James T. Kirk, Jornada trouxe personagens memoráveis como o Dr. McCoy, Spock, Uhura, Chekov, Sulu e Scotty, propondo discussões sobre filosofia, ética e humanidade, algo até então inovador para a televisão da década de 1960. Apesar de muito divertida e cheia de temas importantes, Jornada foi um fiasco na época de seu lançamento, sendo cancelada 3 anos depois.
Graças às infinitas reprises (o famoso syndication norte-americano), Jornada se tornou um ícone pop imenso, algo que não passou despercebido dos executivos da Paramount Pictures. O executivo Frank Mancuso Senior apontou Jornada como uma jóia do estúdio que jamais deveria ter sido abandonada, reunindo em 1986 uma equipe para trazer Jornada na telinha, sendo eles o criador, Gene Roddenberry, Rick Berman, Michael Piller, Maurice Hurley e o veterano Bob Justman.
Para mim os episódios que mais me marcaram na história de A Nova Geração foram Unification I e II, trazendo nada mais, nada menos, que nosso querido Sr. Spock. Era o melhor de dois mundos, um tributo aos trekkers.
Com a proposta de trazer uma nova Enterprise, agora em seu modelo D e com uma nova tripulação, a maior dificuldade da Nova Geração era confrontar o fantasma gigante do passado. Como ser melhor que a tríade sagrada Kirk–McCoy–Spock? E como uma nova Enterprise poderia chutar bundas como o modelo A fazia tão bem no seriado e filmes da franquia? Houston, we have a problem.
A USS Enterprise NCC-1701 D seria capitaneada pelo francês Jean-Luc Picard (Patrick Stewart), Comandante William Riker (Jonathan Frakes), Comandante Data (Brent Spiner), Engenheiro Chefe Geordi LaForge (Levar Burton), Comandante Worf (Michael Dorn), Tenente Natasha Yar (Denise Crosby), Conselheira Deanna Troi (Marina Sirtis), Dra. Beverly Crusher (Gates McFadden) e o jovem Alferes Wesley Crusher (Wil Wheaton). Outra novidade também seria a ampliação do objetivo original da Enterprise, agora com a missão contínua de explorar novos mundos, novas formas de vida, novas civilizações, audaciosamente indo aonde ninguém jamais esteve.
Por morar no interior, Jornada nunca tinha sido exibido nos cinemas de minha cidade, até a chegada do reboot de J.J. Abrahms. First Contact foi o primeiro filme que pude acompanhar na “estreia”, no canal Telecine. Foi O Evento lá em casa.
O peso da Série Clássica pode ser observado nas duas primeiras temporadas de A Nova Geração, com episódios que emprestam roteiros de tempos do Capitão Kirk, alvo de várias críticas dos mais nostálgicos. Contudo, a partir da terceira temporada a série deslancha e aí começa a chutar bundas pra tudo quanto é lado.
A Nova Geração soube atualizar, ampliar e aprimorar o conteúdo e atmosfera da Série Clássica, trazendo novos questionamentos e discussões profundas para as gerações mais novas. Isso só foi possível graças ao prestígio acumulado com as reprisesda Série Clássica, mas também por conta do orçamento e casting do novo seriado. Para se ter uma ideia, enquanto cada episódio do Capitão Kirk custava algo em torno de US$ 169.000,00, cada um da Nova Geração ficava em torno de US$1.000.000,00, aposentando de vez figurinos de celofane e maquetes nunca feitas por falta de dinheiro.
Comecei acompanhando o seriado com a chegada do antigo USA Network e seu Sábado Sci Fi. A Nova Geração era exibida às 19h de sábado e depois reprisada na alta madrugada, o que me fazia ficar acordado até altas horas para acompanhar as aventuras da tripulação do Capitão Picard.
Exibida em horário nobre e galgando vários prêmios, A Nova Geração mostrou que era possível desenvolver um seriado dramático de Ficção Científica de alta qualidade, além de extremamente lucrativo. Nossos camaradas da Enterprise D estavam consolidando os alicerces para outros três seriados e filmes da franquia mais bem-sucedida da história da televisão.
Victor Hugo Kebbe, Trekker
Comecei a gostar de Star Trek pela série clássica no início da faculdade, mas tenho o mesma afeição com a nova geração. Lembro até hoje maratonas feitas de madrugada através da NCC-1701-D… Eternamente Trekker.
Olá Hugo,
Agradeço o comentário e, como já disse no texto, estou contigo. Devo escrever mais sobre TNG e as outras séries muito em breve. Nesse ínterim, convido você para dar uma olhada na nossa revista sobre Jornada, Audaciosamente Indo.
Abraço,
Victor Hugo
Agradeço imensamente ao canal USA por ter seus sábados de scifi porque fez uma adolescente Sybylla extremamente feliz naquela época. Eu passava – e acredito que muitos fãs faziam o mesmo – o sábado inteirinho na frente da TV tendo overdoses de viagens estelares e alienígenas e não tenho como mensurar o impacto que teve em mim.
Bem, acredito que em vista do que blogo atualmente, o impacto foi, no mínimo, bem grande! 😛
Ah, apesar do meu sarcasmo quando comento sobre o Sábado Sci Fi, eu sou um desses fãs que ficavam o dia todo em frente da TV, assistindo, inclusive, as reprises. Apesar da expressão cliché e exagerada, esse programa semanal moldou fortemente a minha maneira de pensar o mundo. Thanx pela presença constante por aqui, Sybylla.
Vida Longa e Próspera,
Victor Hugo
Sou mais um que conheceu a Nova Geração no sábado Sci Fi do USA Channel (que bem poderia ter se chamado sábado Star Trek rsrs). Logo de cara peguei episódios maravilhosos como Data’s Day por exemplo. Eu já era fã da série clássica e a turma do Capitão Picard só serviu para aumentar meu amor pela franquia como um todo!
Acho que já passou da hora de mergulhar em uma nova maratona de episódios da Nova Geração!