Victor Hugo, Tatooine – Não tenho muita paciência para biografias, isso é fato. Principalmente aquelas motivadoras, como guias de conduta sobre como ser bem-sucedido na vida. Anotem aí, o dia que eu tiver aquela biografia do Steve Whoever Jobs na minha prateleira, é porque eu estou com algum tipo de doença cerebral degenerativa.
Por outro lado, me deparei com duas auto-biografias muito interessantes, de pessoas que aparentemente estão no topo, mas estão é ralando muito por aí. Quem diria que eu teria na minha prateleira a história da Princesa Leia Organa Solo, ops, Carrie Fisher e de Wesley Crusher, ops, Wil Wheaton.
Ambos são atores bastante conhecidos. Talvez você não se recorde pelos nomes, mas certamente já viu ambos no cinema. Carrie ficou imortalizada (termo bastante ridículo, convenhamos) em Star Wars como a princesa mais bad-ass da cultura pop, enquanto Wil deu vida ao garoto prodígio wunderkind mais odiado de Jornada nas Estrelas – A Nova Geração.
Carrie relata em sua biografia Wishful Drinking uma trajetória bastante diferente da Princesa Leia. Filha de Hollywood, com pais como Debbie Reynolds e Eddie Fisher, nossa princesa teve um caminho duro, sendo o que muitos chamam de infância e adolescência “problemáticas”, seja lá o que for isso. Carrie presenciou o difícil divórcio dos pais, com a perda do pai para os braços de nada mais, nada menos, que Elizabeth Taylor. Aos poucos foi se envolvendo com drogas prescritas, se voluntariando para terapia de choque.
Acho nada legal muita gente tirando sarro de Carrie para o novo Star Wars, dizendo estar “acabada”, porém sem ter conhecido esse lado de sua vida. Em uma revelação, disse que recebeu drogas de Harrison Ford nas filmagens de Star Wars, fora a relação tensa que teve com a mãe por muitos e muitos anos. Foi nesse processo de aceitação que Carrie se relançou ao sucesso, até que sua biografia é bastante pessoal, intensa e sem papas na língua.
Já em Just a Geek, Wil Wheaton relata como foi decisão de ter abandonado a carreira que lhe mais fez famoso: ter abandonado seu papel em Jornada nas Estrelas. Ao contrário de William Shatner e Leonard Nimoy, que sempre estiveram desconfortáveis com a vida pós Capitão Kirk e Spock (cuspiram no prato, diriam alguns), Wil sempre foi fã de Jornada, tendo desistido de seu papel de Wesley Crusher para tentar o sucesso no cinema.
Bem-sucedido e com fama, Wil achou que era a hora para perseguir o estrelato no mundo do cinema, o que se provou cada vez mais difícil. Vários nãos foram ouvidos em entrevistas para papéis grandes e pequenos, deixando o cara na pindura por muitos e muitos anos. É emocionante (e digo isso como trekker) ler o momento em que Wil reassume sua paixão por Jornada ao visitar o parque temático Star Trek Experience, caminhando pela ponte da USS Enterprise D e vendo seu amigo Jonathan Frakes como Will Riker na tela principal, o que lhe dá um nó na cabeça. A partir de então, Wil busca entrar em contato com todos os seus amigos do elenco, sendo recebido como parte da família.
Nem Carrie Fisher ou Wil Wheaton estão ricos, mas, pelo contrário, estão na corrida dos ratos até os dias de hoje. Apesar de suas histórias terem esse uplift motivador, elas mostram outra dimensão destes atores, a de serem humanos normais como eu e você e um zilhão de fãs. Ao contrário de intocáveis, estrelas ou seres de outro planeta, são pessoas que ainda precisam pagar suas contas, sustentar seus filhos e tudo mais. Fica aqui a minha sugestão de leitura, bastante descompromissada e muito legal, muito legal mesmo e aproveite para ler os artigos aosugolescos sobre Star Wars na revista Holonet e Star Trek na revista Audaciosamente Indo.
Também acho super esquisito e até sem sentido esses comentários de “acabada”. Comecei a ler a bibliografia, mas larguei. Por pura preguiça de bibliografias mesmo.
Olá Kamylla,
Obrigado pelo comentário, partilhamos da preguiça de ler biografias, aha. Contudo, essa da Carrie Fisher tem algumas fotos raras mesmo para os fãs de Star Wars, sem contar um conteúdo de bastidores muito bom. Vale a pena.
Que a Força esteja com você,
Victor Hugo