Existem sempre aqueles filmes que são nostálgicos para algumas pessoas. Estava pensando nisso hoje mesmo. Alguns exemplos para a nossa geração são filmes como Os Goonies, Aventureiros do Bairro Proibido, O Feitiço de Áquila ou História Sem Fim. Esses filmes, simples tanto em concepção como mesmo produção, se comparados com os de hoje, exerceram um papel muito importante para aqueles que os viram e se apaixonaram por eles, mas que, acima de tudo, notaram desde cedo (e mesmo quando crianças) a relevância de cada estória contada. Filmes que, de uma forma delicadamente infantil, porém não tola, estimulavam nossa imaginação e atiçavam nossa subconsciência às coisas que realmente importam.
Sem dúvida nenhuma podemos dizer que a trilogia De Volta Para o Futuro está nesta mesma categoria, o tipo de filme que é inocente e criativo e extremamente divertido. Atualmente, ele ainda é um sucesso entre os velhos nerds. E mesmo entre os (aaargh) cultzinhos da vida. Possivelmente porque eles devem achar que o filme é uma crítica à sociedade de consumo, tal qual a hipocrisia demonstrável na não-condenação do paradoxo temporal quando direcionado aos mocinhos da narrativa. Nós não. Nós gostamos de ver um carro esquisito viajando no tempo e o cara sendo xavecado pela própria mãe.
Lembram do primeiro filme? Uma breve sinopse: logo na primeira cena somos apresentados a Marty McFly (Michael J. Fox), um adolescente da década de 80 dos EUA bastante típico. Ele tem uma relação de camaradagem com um excêntrico cientista, o Dr. Emmet Brown (Christopher Lloyd), cuja mais nova invenção é uma máquina no tempo, montada num DeLorean porque, segundo o próprio “Doc” Brown, se fosse para fazer uma máquina do tempo, que “fosse com estilo”. Depois de um infortúnio Marty entra no DeLorean, tentando fugir de terroristas que assassinaram Doc, e acaba indo para o ano de 1955, onde tromba com seus próprios pais quando jovens e vai ter que se desdobrar para que seu futuro não seja condenado (admito, esse “vai ter que se desdobrar” pareceu até propaganda de sessão da tarde). Nos outros dois filmes a trama se complica, mas sem tirar o divertimento todo que as produções propõem. O terceiro deles é o mais fraquinho, mas ainda assim rende bons “momentos pipoca”. Meu favorito sempre foi o segundo, porque ele vai para aquele futuro bizarro, no Cafe 80’s, “um bar temático, mas mal-feito”, segundo Doc Brown, e depois pro passado de novo. Ah, aquilo tudo é ótimo. Sempre quis um DeLorean voador.
Estes filmes são uma peça rara do cinema. Surpreendentemente original, De Volta Para o Futuro não é uma ficção barata de viagem temporal. Divertidos e criativos, os filmes de Robert Zemeckis são despretensiosos e, do começo ao fim, um excelente entretenimento sem cair no demérito de serem estúpidos. É incrível como os eventos estão todos relacionados dentro do universo dos filmes e como a linha do tempo traçada ali é rica e cheia de nuances, como, por exemplo, um suposto primo de Chuck Berry que o ajuda a ouvir o “som que ele estava procurando”, e faz com que o primo ouça, pelo telefone, Marty tocando uma música do próprio Chuck Berry, Johnny B. Good, numa das cenas mais memoráveis da trilogia. Até a explicação do 1985 alternativo dada por Doc Brown é convincente. Sempre acho engraçado quando ele fala que achou curioso Biff ter escolhido a data do baile em 1955 para entregar, para ele mesmo, o Almanaque de Esportes, quando ele diz que “essa data deve ser algum ponto de convergência no espaço-tempo contínuo… ou então pode ser uma grande coincidência”.
O primeiro filme da trilogia foi concebido separadamente, porque inicialmente a estória não foi escrita como trilogia. O sucesso do primeiro filme gerou pedidos de continuações, o que transformou os outros dois em realidade. Segundo o próprio Zemeckis, caso fosse fazer uma trilogia de começo, faria certas modificações no roteiro, para evitar certas complicações, como a namorada de Marty ter visto o DeLorean.
No final das contas, estes são filmes que valem a pena serem assistidos, rendendo uma boa diversão por sua inventividade e bom humor, que alavancou a carreira não só de Michael J. Fox, mas do próprio DeLorean; marcou época e certamente são alguns dos mais divertidos longas da obscura década de 80. Fico muito triste por Michael J. Fox ser acometido por uma doença tão fustigante como o Mal de Parkinson. Contudo, ele é um dos responsáveis por imortalizar uma obra que até hoje e, garanto, por muito tempo mais, será mais um daqueles filmes que você não sente que está perdendo tempo em assistir, mesmo que já o tenha visto inúmeras vezes.
No final das contas, mesmo com todas as suas viagens no tempo, a trilogia De Volta Para o Futuro faz o tempo parar.
Marcus Vinicius Pilleggi
Quer mais De Volta Para o Futuro? Leia a nossa homenagem na íntegra, só para os fortes de coração (e memória)!
Outro dia mesmo estava comentando com o Shitake sobre os filmes década de 80. Bem, eles são nostálgicos pra gente sim, como você disse, crescemos passando altas horas vendo todos esses filmes. Mas o que eu comentei com o Shitake foi q era uma geração fácil de se agradar… quero dizer, nós não assistíamos a esses filmes pensando na veracidade e na verdadeira possibilidade de se voltar para o passado… nós simplesmente adorávamos ver o carro deixando um rastro de fogo, ou o cabelo maluco de um professor ainda mais pirado!! Isso era fantástico! O que eu acabo vendo muito hoje me dia, principalmente em filmes de ficção (e me conteste se eu estiver errada) é uma busca, que chega a ser chata, da possibilidade de aquilo acontecer! Não desmerecendo, longe disso, sou uma viciada em ficção científica, mesmo! Mas tinha uma simplicidade nesses filmes da década de 80 que as vezes sinto falta… Parece cada vez mais difícil hoje agradar a nova geração, eles tão sempre encontrando brecha pra falar que tal coisa é impossível, ou coisa parecida!! Tudo hoje tem que está lotado de efeito especial e computação gráfica… Onde está a diversão? Eu assisto, por exemplo, Indiana Jones sem pensar se a lei da física deixaria o velho Indy saltar metros coma ajuda de um simples chicote, eu só assisto! E é muito bom!! Adoro cinema, e os filmes atuais são muito bons (alguns, hehe) mas tenho saudade da simplicidade da década de 80… Mas por sorte sempre temos um DVD, ou nosso velho e bom VHS, e podemos “voltar” a fita quantas vezes quisermos! hehe
Nossa, toda vez que algum filme da trilogia do “De Volta para o Futuro” passa na tv eu corro para assitir, mesmo tendo visto milhares de vezes cada um e até decorando boas cenas ou falas… Com certeza é um filme marcante como muitos outros citados no texto.
Concordo plenamente com a Ikka, os filmes de hj tem computação gráfica demais, tentando ser o mais real possível. Cad~e a simplicidade das coisas? “O menos é mais” como diria Mies e concordo porque se não o “De volta para o Futuro” não continuaria fazendo sucesso até os dias atuais.
Afinal, quem nunca quis um skate flutuante??? DeLorean é o auge. Dr. Brown é demais e o Marty, hahahaha, nunca vou esquecer o jeito que ele dormia, de como ele ficava bravo qdo o chamavam de covarde e por aí vai.
Enfim, o filme me faz voltar à minha infância, qdo o assisti pela primeira vez. Recordo o qto adorei e fiquei revendo o dia inteiro, minha mãe já não aguentava mais. Por isso o filme é especial. Isso é o que considero um ótimo filme. E bato palmas para ele.
No segundo final de semana de dezembro de 1989, passaram 2 filmes memoráveis. O primeiro foi “Peggy Sue, Seu Passado a Espera”, dia 09/12/1989, no Supercine. Até então, eu estava apenas acompanhando o seriado “Casa Nobre” (o protagonista era o então “James Bond” Pierce Brosnan). Ao me deparar com a propaganda da Peggy Sue (sic) e com a do De Volta Para o Futuro, eu ficava maravilhado, kerendo ver ambos os filmes. Imaginem vocês: 2 filmes de viagem no tempo, mas com explicações diferentes para a teoria (Um dos filmes-base para isso foi “A Máquina do Tempo”, nakela 1ª versão, dos anos 60). Não pude ver a Tela Quente do dia 11 (“De Volta…”), tendo que esperar somente o dia 12, após o almoço (bendito VHS!!). Durante a exibição do filme, a propaganda do “De Volta… 2” era anunciada, para esrear na 5ª feira, dia 14. E em 13/07/90, seria a estreia do 3º. Desde então, há mais de 20 anos, eu sou apaixonado pela trilogia. É verdade que não havia efeitos especias como os de hj em dia (E daí?), mas serviam para divertir, sem ficar bitolado se poderia ou não acontecer de acordo com as Leis da Física. Havia Guerra Fria? Sim! Crise do Petróleo? Sim! Abertura econômica no Brasil? Sim! De certa forma, alguns costumes dos filmes dos anos 80 (ou sejam da época q forem) servem até para explicar cada contexto. A geração de hj deveria assistir sim, a essa trilogia e a tantos outros filmes que marcaram os anos 80. Só assim vocês, dos anos 90 em diante é que conseguirão entender a emoção que nós, os “Trintões” sentíamos ao ligar a TV e assistir a uma “Sessão da Tarde”, sem ter a tecnologia do PS2, celular ou Internet. Era tudo assim: Simples! (“Deus, muito obrigado por eu ter sido criança nos anos 80!!!!”).
Olá, Jonas!
Gostei bastante do seu comentário e concordo com vocÊ que aquela simplicidade foi uma época memorável, quando as coisas era mais simples, os problemas eram pequenos e nossas vidas, em muitos aspectos, eram melhores. Não entramos em méritos de efeitos, o importante aí é o encanto de um enredo bem montado, interessante e divertido que faz com que nos sintamos como crianças.
Achei sua frase “muito obrigado por eu ter sido criança nos anos 80” excelente!
Um abraço
Só posso dizer… parabens pelo post…. o filme nem precisa de comentários… o ao sugo como sempre surpeeendendo…. parabens mesmo
Obrigado, Marcus! Abraços!