Star Wars: The Old Republic – elegantemente perdido

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Em vários artigos do Ao Sugo vocês devem ter se deparado com a constatação – óbvia, admitamos – do quão rentável é a franquia Star Wars. Não é à toa que George Lucas fez-se milionário e depois bilionário com a brincadeira: Star Wars mexe com o âmago de todas as pessoas.

Assim sendo, é claro que a franquia foi, é e sempre será, alvo das desenvolvedoras de jogos. E Star Wars aventura-se nos mais diferentes estilos de jogos: FPS (o “primeira-pessoa”), RTS (ou “jogo de estratégia”), jogos de ação, jogos por turnos, RPGs… Contudo, até lá para 2008 a única incursão da saga estelar de todos os dias no universo dos MMOs havia sido o tímido Star Wars Galaxies.

A primeira década dos anos 2000 viu a ascensão e febre dos MMORPGs. Em todo o globo, pipocaram jogos aqui, ali e acolá com várias temáticas (a mais forte a fantasia medieval, como usual). A maioria era e ainda é uma porcaria, mas alguns poucos, como World of Warcraft, fizeram por merecer uma posição de destaque no mercado.

Galaxies foi a tentativa de botar Star Wars no páreo, graças ao seu potencial. Mas se potencial fosse determinante absoluto de bom resultado, então a nova trilogia de George Lucas seria estupenda. Não que Galaxies fosse ruim, mas para competir com WoW, era preciso mais que jogabilidade travada e gráficos que não eram lá muito dignos de nota.

“Você tem os seus momentos.”

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Em outubro de 2008 foi primeiramente anunciado Star Wars: The Old Republic, desenvolvido pela filial de Austin da BioWare. Famosa por jogos como Dragon Age e Mass Effect, a BioWare ganhou fama no mercado dos jogos eletrônicos por títulos que, além de apresentarem boa jogabilidade têm, também, um foco muito grande no enredo. Foi também a BioWare a responsável por desenvolver Star Wars: Knights of the Old Republic para a LucasArts, que muitos tergiversam em seu favor como um dos melhores – senão o melhor – jogo baseado em Star Wars até hoje.

Mesmo com o envolvimento pregresso da desenvolvedora com Star Wars e a tentativa anterior da franquia multibilionária nos MMORPGs, a própria BioWare nunca tinha tentado esse mercado ainda. A indústria dos jogos eletrônicos é altamente competitiva, e entrar de cabeça em um projeto em que o lucro é praticamente monopolizado por um título exige muita coragem. A BioWare resolveu arriscar, mas já que era para fazer, queria fazer direito. Queria os parceiros certos, com o time certo.

“Eu posso ser um Jedi! Ben, diz para ele que eu estou pronto!”

O mês: dezembro. O dia: 20. O ano: 2011. Após três anos de desenvolvimento ininterrupto, Star Wars: The Old Republic foi lançado para a plataforma Windows. Uma semana antes, o jogo já vinha sendo liberado àqueles que o haviam comprado em pré-venda. Em três dias após seu lançamento oficial, o game atingiu a marca de um milhão de assinantes, que o colocou no patamar de MMO com o crescimento mais rápido da história.

Os recordes de SWTOR não pararam por aí. Em janeiro de 2012, o jogo foi reconhecido oficialmente pelo Guinness World Records como Maior Projeto de Gravação de Vozes da História. São mais de 200 mil linhas de diálogos. Além disso, embora o custo do game não tenha sido divulgado, analistas do mercado estimulam que os custos de desenvolvimento provavelmente ficaram entre 150 e 200 milhões de dólares, que deixam o título no topo da pirâmide dos jogos mais caros já desenvolvidos até então.

No que concerne à BioWare, o foco era a história. A empresa considera que esse jogo possui mais volume de conteúdo de enredo que todos os seus outros jogos. Juntos. Durante todo o desenvolvimento do jogo, os roteiristas de SWTOR foram o time que mais trabalhou, sendo que, em 2008, quando o jogo acabara de ser anunciado, já havia um time de pelo menos 12 redatores que já estavam trabalhando no projeto há dois anos, em tempo integral.

“Lando não é um sistema. É um homem.”

O enredo do jogo faz parte do universo expandido, é claro, particularmente em um tempo que foi melhor estabelecido pela própria BioWare. A história se passa 300 anos depois dos acontecimentos dos jogos Star Wars: Knights of the Old Republic, e mais de 3.500 anos antes da trilogia original do cinema.

Basicamente, o Sith Empire retorna para mover guerra contra a República e os Jedi, considerados responsáveis pelo sucesso do Império Sith ao tomar uma série de sistemas na galáxia em uma guerra de 28 anos. No presente do jogo, a República e o Império vivem um tensíssimo armistício, uma guerra fria iniciada oficialmente com o Tratado de Coruscant, que reconhece a liderança do Império Sith.

Com vídeos incríveis que ajudam a resumir a situação da galáxia, o jogador é imerso em um universo de conspiração e guerra civil, e dependendo do lado que escolher e quem quiser ser dentro desta ambientação, descobrirá segredos políticos, religiosos e/ou místicos que conquistarão sua atenção.

“Agora, o círculo está completo.”

Com tantos dados interessantes, muito tempo de desenvolvimento e um nome forte como a BioWare no páreo, criou-se uma expectativa bastante considerável. Vídeos de desenvolvimento e trailers empolgantes estavam sendo jogados na cara da molecada – e também de um monte de marmanjo – que ansiava por ver um título que fizesse jus ao legado Star Wars.

Partindo do pressuposto que o jogador já tenha criado a sua conta e tudo mais, a primeira coisa que deve escolher é sua filiação: República ou Império. Depois, o jogador escolhe classe. Cada coligação possui dois usuários da Força e dois não-usuários. Dependendo do que o jogador escolher, há uma seleção de raças que pode utilizar posteriormente. E não ignorem aqueles que não usam a Força para estabelecerem seu lugar na Galáxia. Todas as classes são interessantíssimas (e desdobram-se, cada uma, em duas classes avançadas); e também todas podem exercer dois papéis em um grupo: tank/healer, tank/dps ou dps/healer, dependendo da distribuição dos pontos de perícias adquiridos ao avançar de nível.

Depois de tudo isso, basta customizar sua aparência e começar a jogar.

“Ótimo, garoto. Não fique convencido.”

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Para aqueles habituados à dinâmica de um MMORPG, não há grandes segredos em adaptar-se a SWTOR. A interface é muito similar ao comum do gênero, com barras de atalhos e movimentação combinada com mouse e as letras W, A, S e D do teclado. De todos os MMOs que já consegui jogar, SWTOR é o que tem a jogabilidade mais dinâmica, ao lado de WoW.

Além da exploração do planeta, o jogador também ganha uma nave em determinado ponto do jogo, que usará para se deslocar entre planetas. Outro elemento interessante de jogo são os companions: NPCs que acompanham o jogador como suporte. Há healers, tankers e dpses, e todos eles possuem personalidades bem definidas e podem gostar ou não do personagem do jogador. Muitos dos companions podem servir de interesse romântico, o que deixa toda a experiência mais interessante. É muito legal, para um jogador que é um Jedi, por exemplo, poder ficar cruzando a galáxia com um padawan.

O jogador pode ficar com um companion de cada vez, mas todos eles formam a sua tripulação. A tripulação pode ter profissões que ajudarão o gamer a juntar uma graninha e itens exclusivos.

Para os amantes de PvP, a palavra é dinamismo. Com módulos de Warzones e também o Huttball, SWTOR é desafiador quando se está jogando contra outras pessoas. As classes têm um estilo bastante diferenciado quando comparadas entre si, e quem vai direto jogar com um Jedi ou Sith achando que poderá pegar um trooper facilmente, pense melhor. Por serem equilibradas, cada classe exige adaptação e estratégia diferentes para sobrepujar adversários no campo de batalha, e se você é desses que fica na mesma rotação – não importa quem enfrente – prepare-se para ter problemas. No geral, na parte de jogabilidade, SWTOR é bem semelhante a WoW, com alguns acréscimos bem-vindos, como os companions e as espaçonaves. Nisso, não há nada muito novo.

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Mas, realmente, o game brilha quando entramos no enredo. Cada classe possui uma história principal dividida em três atos, que vai se desenrolando enquanto o jogador vai subindo ao longo de seus 50 níveis (recentemente, o jogo atualizou para ir até o nível 55). Além disso, as side-quests vão desde o simples matar-pilhar-destruir a missões que afetam diretamente a política local. Isso tudo com o adendo de que todos – sim, TODOS – os diálogos são gravados, com atuação digna dos melhores atores de voz.

Parece pouco, mas essas coisas dão a SWTOR uma característica interessante: mesmo sendo um MMO, a experiência single-player do jogo é muito boa. É claro que, como todo MMO, não se pode descartar a diversão em grupo (até porque muitas quests são em grupo e há os Operations – similar às raids de WoW). Ainda por cima, em uma missão em grupo, todos os jogadores podem participar da conversa; cada um escolhe uma resposta e acontece uma rolagem – similar àquela de disputa por itens; a maior rolagem ganha. É interessante pela sensação, às vezes, do “Não, você não deveria ter dito isso!”. Contudo, mesmo sozinho, o jogador encontra uma maneira legítima de se distrair com o game.

“Nunca me diga as probabilidades!”

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Sendo um título com tantas qualidades, era natural acreditar que SWTOR viria como o grande adversário de WoW. E parecia mesmo que isso iria acontecer. Enquanto o jogo da BioWare em poucas semanas de existência já beirava dois milhões de pagantes, o gigante da Blizzard estava perdendo por aí no seu rol de assinantes.

Assim como WoW, SWTOR exigia uma mensalidade para jogar. Além do mensal, o jogador podia escolher pacotes de dois, três ou seis meses de jogatina – com descontos progressivos para tornar as ofertas mais atrativas. Contudo, o que os analistas viram foi uma queda no número de assinantes alguns meses depois da meteórica ascensão.

Em fevereiro de 2012, os assinantes somavam mais de 1,7 milhão de pessoas; um número animador, já que o jogo havia sido lançado há apenas dois meses. Em maio, entretanto, o número caiu para 1,3 milhão. E em julho, essa base caiu abaixo do um milhão de assinantes. A EA, distribuidora do game, afirmou que a rentabilidade do jogo dependia de apenas 500 mil assinantes e que estavam bastante acima deste número. Mesmo assim, anunciou a modalidade free-to-play, que passou a ser possível a partir de 15 de novembro de 2012. Gratuita, mas bastante limitada em termos de jogabilidade, como limitações na quantidade de barras de atalho, evolução de nível mais lenta e menos acesso a equipamentos raros in-game.

“Então o jogo que mais ameaçava WoW não passou de sustinho?” – Sim. E não. Na realidade, o comportamento visto com SWTOR não é diferente do visto pela Blizzard e nem por outras dezenas de MMOs. No começo de 2013, a Blizzard divulgou ter por volta de 8 milhões de usuários pagantes. Embora seja gente pra burro, esse número mostra uma perda de praticamente 2 milhões de jogadores em cerca de um ano.

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A verdade é que a grande febre da primeira década do milênio 2000 está esfriando. Os MMOs já não têm a força que tiveram no passado, e mesmo um jogo excelente como World of Warcraft já está ficando datado. A aposta da Blizzard, por exemplo, em um título cuja fórmula mudou pouco desde 2004, tem vencido jogadores pelo cansaço. Muitos que saem o fazem porque não aguentam mais jogar a mesma coisa, e o sucesso de WoW “sugou” não só tempo e dinheiro de muita gente, como também o ânimo para encarar jogos de uma safra parecida.

Ao final das contas, SWTOR entrou no mercado com tudo, é verdade, mas já era um mercado que começava a ficar moribundo. As coisas precisam mudar muito rapidamente ou, então, esses títulos, por melhor que sejam, ficarão para trás.

De todo modo, se você é daqueles que sempre teve vontade de sentir-se mais ativo em uma das franquias mais amadas da cultura mundial, em Star Wars: The Old Republic, você tem a sua chance.

Que a Força esteja com vocês.

Mestre Jedi Marcus Vinicius Pilleggi

Um comentário sobre “Star Wars: The Old Republic – elegantemente perdido

  1. Muita gente tinham guardadas várias missões praticamente impossíveis, aguardando upar e aumentar HP pra voltar e terminar as mesmas, com Macrobinoculares que tentei 5 vezes dropar o último boss, eu e mais 3 LV60 e nada feito. Mais uma foi a do Aratech Dragger ou Coral não lembro bem. Faltava somente 3 WB em Voss. Eles não só passaram a questão pra 60/65 como resetaram a minha. Eu que passei quase 3 semanas aguardando WB em Hoth e Balmorra. Fizeram uma propaganda massiva PAGUE E GANHE, mas só paguei pra ter o Nico Okarr e mesmo assim parece que não foi só meu caso, mandaram Jaqueta, Speeder e Blasters pra todo mundo. Ainda bem que só paguei pelo companion. Mesmo assim acho que até o simples fato de já ser subscriber já garantia os referidos ítems. Sinto muito, gosto muito de SWTOR mas, se não resolverem ao menos o problema do HP vou esperar encerrar meus quase 110 dias que estão pagos e é muito provável que deletarei a conta e bloquearei todo e qualquer e-mail proveniente de BW/EA. Sem falar que NÃO RECOMENDAREI mais quisquer produtos deles. Estamos logando, pelo que sei, eu e mais alguns brasileiros na esperança que eles voltem ao menos em parte ao sistema antigo. Maior trabalho pra juntar Cartel Coins, comprar Cartel Coins, liberar se não me engano 5 sets de armaduras entre outras coisas como Speeders, Weapons, Emotes e eles dando Adaptive Armor Legacy de premiação aos baldes. O pior é que premiação legacy num serve pra nada mesmo. Só pra repassar pra vendor qualquer, pois equipamento do Cartel Market sabemos que é invendável. Particularmente estou apenas logando e vendendo tudo que der, se eles num fizerem nada, repasso os meus créditos pra alguém, pra Guild e depois deleto tudo, ou quem sabe até deleto tudo sem passar nada pra ninguém, E (em off) paguei quase 90% da nave da Guild em menos de 1 mês (Pra ver que num tenho pouca grana não).

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