
Para os leitores e ouvintes do Ao Sugo já está mais do que claro que o meu apreço por World of Warcraft se dá pela riquíssima ambientação. E não é pra menos: desde meados da década de 90 que a Blizzard vem construindo aos poucos, tijolo por tijolo, um dos cenários de Fantasia Medieval mais densos que existem na atualidade.
Às vezes uma paródia divertida dos jogos de RPG, às vezes uma homenagem clara ao saudoso Forgotten Realms, às vezes um número sem fim de sátiras e homenagens aos filmes nerds, às vezes inspirações oriundas dos mais tenebrosos contos de terror lovecraftiano, World of Warcraft é justamente isso, um amálgama de tudo do bom e do melhor, orientados por uma longa e eletrizante narrativa. Mitos de criação, heróis lendários, reinos esquecidos e fortalezas imponentes são apenas alguns dos ingredientes épicos que garantem o sucesso da saga.

Assim como Star Wars que mantém um vasto Universo Expandido, World of Warcraft também o faz, se tornando um jogo MMORPG que transcende as fronteiras do mundo virtual para adentrar na imaginação dos fãs em várias mídias. Quadrinhos, revistas, contos, livros, trilhas sonoras, entre outros, são as várias dimensões – e maneiras – para deixar um mundo tão rico palpável para as nossas mãos mortais. Já comentei aqui algumas vezes sobre alguns livros e quadrinhos, sendo, francamente, peças do melhor entretenimento nerd e que deveriam fazer parte da sua biblioteca.
Já comentei sobre uma das graphic novels de World of Warcraft – Uma Nova Aliança, em um artigo exclusivo. Estas obras são na verdade a compilação de 25 fascículos publicados originalmente entre 2008 e 2009 pela Wildstorm. É importante que não confundam esta série de 25 edições com os mangás publicados pela Tokyopop e Cryptozoic, voltados justamente para um leitor muito específico.

A série da Wildstorm conta com capas de vários desenhistas de peso, inclusive o próprio Jim Lee. Ao contrário de aventuras isoladas como foi mostrado nos mangás de World of Warcraft, as graphic novels apresentam uma trama contínua e que divido em 3 atos. Os títulos ficaram nas mãos de W. Simonson, L. Simonson, Lullabi, Buran e Bowen, cuja estética, arte e ritmo da narrativa são magistralmente frutos do melhor que World of Warcraft pode oferecer. Todo o conteúdo é oficial e faz parte da timeline do jogo.
Nestes dois primeiros atos conhecemos Lo’gosh, Broll e Valeera, três gladiadores do orc Rehgar. Lo’gosh é um primoroso guerreiro humano que por ter perdido a memória, não sabe de seu importante passado – e legado. Broll um hábil druida dotado de chifres, ou seja, um ser especial até mesmo para os Elfos Noturnos e destinado, segundo as lendas, para grandes feitos, mas que por conta de seu passado, não consegue se transformar em outros animais para além do Urso. Por fim, Valeera é uma Elfa Sangrenta adolescente que fugiu de sua terra natal, tomada por aprendiz de feiticeira pela própria Aegwynn, a antiga campeã de Tirisfall.

Num primeiro momento, estes três gladiadores escapam de Rehgar (que além de xamã, é um dos conselheiros do próprio Chefe de Guerra da Horda Thrall…) e trilham um caminho em busca das memórias perdidas de Lo’gosh. Entre os orcs, Lo’gosh é um espírito guerreiro poderoso que assume a forma do lobo, enquanto que para os Elfos Noturnos, Lo’gosh ou Goldrinn é uma das divindades mais importantes que lutaram com a primeira invasão da Legião Ardente, há 10.000 atrás.
No segundo ato Lo’gosh aprende ser na verdade o Rei Varian Wrynn de Ventobravo, seqüestrado por nagas em uma viagem que fazia à Theramore para uma reunião com Thrall em busca da paz. Broll e Valeera adquirem um grande respeito fraternal, contornando a milenar disputa e ódio entre as duas raças. Para quem não sabe de nada dessa briga, é só dar um pulinho na Guerra dos Antigos.

No último ato conhecemos um importante personagem, Med’an, filho de Medivh e Garona, dois dos maiores “traidores” de toda a Aliança, mas que por conta de poderes inatos, é capaz de salvar Azeroth de um novo mal. Toda essa parte foi discutida aqui em Uma Nova Aliança, quando Aliança e Horda se unem para combater o Lich Rei em Nortúndria, enquanto Jaina Proudmoore e Aegwynn recriam o novo Conselho de Tirisfall para dar conta de uma nova ameaça… o Martelo do Crepúsculo.
O que achei mais impressionante desta série de graphic novels é que já estavam falando indiretamente da chegada do Dragão Negro Asa da Morte e do Martelo do Crepúsculo em tempos em que World of Warcraft – The Wrath of the Lich King ainda fazia um sucesso estrondoso. O lançamento das graphic novels coincide com o anúncio oficial da Blizzard para a expansão Cataclysm, já antecipando um conteúdo que muitos fãs só conheceriam dentro do jogo em 2011 e 2012. Tal fato mostra que a timeline de World of Warcraft vem sendo trabalhada com bastante esmero e por longos anos antes mesmo de ser concretizada nas expansões de World of Warcraft… e daí, os meus sinceros parabéns e agradecimentos pela equipe da Blizzard.

As graphic novels foram lançadas no Brasil pela Panini e recebemos mensagens de leitores do Ao Sugo perguntando onde poderiam adquirir os números antigos. Para as edições em português, lançadas no formato americano e respeitando a arte e colorização original, convém entrar em contato com a editora. Outro meio é comprar os quadrinhos online, disponíveis no Comixology por preços que variam de US$ 0,99, 1,99 e 5,99. Os quadrinhos do Comixology são vinculados a sua conta pessoal e intransferível, podendo ser lidos em tablets, smarthphones e PCs normalmente. A nova aposta está na pré-venda de edições importantes como The Curse of the Worgen para Amazon Kindle, cujo lançamento oficial será em novembro próximo.
Para os curiosos de plantão ou fãs ardorosos da ambientação de World of Warcraft como eu, para quem quiser saber mais sobre o papel de Goldrinn no passado vale a pena ler The War of Ancients, lançada em 3 livros nos Estados Unidos ou então em um pack chamado Archive. Já o reconhecimento de Wrynn como Lo’Gosh acontece em Wolfheart, por Richard Knaak. Já Jaina Proudmoore ganhou um título pra lá de emocionante chamado Marés da Guerra, já disponível em português e que em breve discutirei por estas bandas. Muito sobre Jaina também é discutido em The Shattering e Arthas – The Rise of the Lich King, os três últimos livros de Christie Golden. Para quem tiver paciência, eu tenho as reviews de tudo isso aí em inglês no Goodreads e na Amazon. Só procurar.
Victor Hugo, elfo druida de nível 86
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