Atualizado – Victor Hugo, Coronet, Corellia. A Segunda Estrela da Morte foi destruída por Lando Calrissian e comitiva. O Imperador foi finalmente traído e aniquilado pelo seu mais leal discípulo. E toda a Galáxia Conhecida ficou livre de toda a tirania imperial a que estava submetida nos últimos 20 anos. As cortinas se fecham e todos aplaudem de pé frente ao final glorioso de Star Wars… Final?
Se você acha que tudo acabou por aí na saga da família Skywalker e os batutinhas, se enganou. Para aqueles que não gostam de Star Wars, bem, até concordo que essa informação (e esse artigo) será totalmente inútil para sua vida. No entanto, meu caro e nobre mancebo, caso você seja fã da franquia e nunca ouviu falar sobre o tal do Universo Expandido ou do selo Legends, sua vida acabou aqui e agora.
Tudo continuou, meu camarada. Você sabia que Luke Skywalker se tornou Mestre Jedi, fundou sua própria Academia Jedi (bastante diferente da retratada na nova trilogia, diga-se de passagem), Leia se casou com Han Solo e a batalha contra o maligno Império Galáctico persistiu por vários outros anos? Pior: você sabia que existem histórias detalhadíssimas sobre o que aconteceu cinco mil anos antes do que foi retratado no Episódio I? Bem vindo ao mundo mágico do Selo Legends do Universo Expandido de Star Wars!
O selo Legends, antes chamado de Universo Expandido, UE, EU ou Expanded Universe, consiste em todo o material já produzido em livros, seriados, jogos e quadrinhos envolvendo Star Wars antes da compra da Lucasfilm pela Disney. Dizer aqui “material oficial” é redundante, pois o selo Legends é tão bem guardadinho e planejadinho pelo Lucas Story Group que o difere de qualquer outro universo fictício no sentido do canonismo.
Canonismo, como já disse em outra oportunidade, se refere ao conjunto de diretrizes ou dogmas que compõem determinada esfera do conhecimento. O termo “cânon” tem sim fortes ligações com o pensamento religioso (católico, aham, oras, “canonizar” não te lembra nada?), puxando para si tudo aquilo que faz parte dos dogmas cristãos e católicos. O que vem de fora ou não é reconhecido pelas autoridades religiosas acaba ganhando o nome de “apócrifo”.
Pode-se dizer que em Star Wars quase tudo que foi publicado é canônico, com exceção dos fanfictions, fanfilms, etc., material “apócrifo” produzido por fãs ao redor do mundo. Todo esse universo é rigidamente supervisionado e sancionado pela própria Disney através de uma esquipe especializada nisso, a Lucas Story Group.
Dos níveis de canonismo do selo Legends, a gente tem que começar a falar do Canon tipo G, material considerado oficial por ter sido desenvolvido pelo próprio Jorjão. Dessa leva, incluímos os 6 filmes, os scripts, os radio dramas e novelizações. Depois do tipo G, temos o Canon tipo T ou Televisão, relativamente novo e que engloba as produções recentes como as animações Clone Wars e Star Wars The Clone Wars.
O maior acervo do selo Legends está no Canon tipo C ou Continuidade. Nisso ficam os livros e quadrinhos basicamente, cujo princípio é completar lacunas ou oferecer as histórias que aconteceram depois dos filmes.
Nisso eu preciso comentar brevemente dos Retcons, de Continuidade Retroativa… são as histórias que tentam tapar os buracos na saga contando o que aconteceu antes, o que por vezes acaba sendo um problemão. Como exemplo, temos a história do loser do Boba Fett que é contada em retcon, porém totalmente diferente do que vimos na Nova Trilogia.
Esses retcons acabam sendo consertados por outros escritores em livros e quadrinhos com Canon tipo C, ou então acabam sendo delegados aos canons de tipo S, Secundário ou tipo N, não-canon. Estes dois tipos cobrem partes da saga que ou caíram fora da cronologia por alguma razão, ou então são mesmo apócrifos e considerados como não oficiais.
Aqui entra um conceito chave para entendermos o selo Legends, a idéia de Timeline ou Linha do Tempo. Quem aqui já comprou um livro de Star Wars já percebeu que, antes de começar a história toda, tem sempre uma tabela contando toda a cronologia de eventos apresentadas na saga, tanto do selo Legends quanto do novo canon de Star Wars.
Uma das maiores críticas ao Selo Legends é que existem geralmente dois tipos de histórias que incomodam os fãs mais tradicionais. O primeiro tipo é o que chamamos de “rehash”, aquelas histórias que tentam repetir a todo custo os eventos dos filmes, só que de maneiras diferentes.
São vários os livros em que aparecem um grande vilão Sith com uma Superarma à la Estrela da Morte e que deve ser combatido pelos nossos heróis. Esse tipo, apesar de ser uma repetição ou variação sobre o mesmo tema, ainda é tragável quando o leitor está de bom humor ou está mesmo seco para saber mais sobre o que aconteceu com os eventos e personagens de Star Wars.
Já o segundo tipo – e que considero como o mais problemático – é sobre as histórias absurdamente malucas que aparecem, algumas como Retcon, outras como uma necessidade do formato em que o selo Legends se apresentava naquele momento. Como exemplo, temos vários quadrinhos de Star Wars que, para atender a esta demanda específica de leitores de quadrinhos, precisou se adequar a uma lógica totalmente exagerada das coisas tal qual vemos em gibis de superheróis.
Quando isso não acontece, pode acontecer o pior, aquelas situações malucas em que os autores de quadrinhos tentaram deixar sua marca no selo Legends amarrando pontas soltas dos filmes… aí a casa cai. Como exemplo, temos a situação em que Darth Vader encontra a cabeça de C3P0 e lembra que foi ele que o construiu… ganchos e temas totalmente desnecessários, fala sério…
A questão da compra recente da Lucasfilm pela Disney deixou todo o Universo Expandido conhecido como uma linha paralela ou alternativa, recebendo o título de Legends. Ao contrário do que algumas personalidades da internet andam dizendo por aí (citando press releases à torto e direito), o selo Legends não corresponde às outras aventuras de Luke & cia., mas sim todo uma gama de histórias que deixou de ser, na verdade, canônica, tornando-se, portanto, apenas “lendas”.
Citando a necessidade de liberdade criativa, a nova direção da Lucasfilm aposta em uma nova linha editorial, criando para tanto o Lucas Story Group, com uma nova timeline como visto aqui no Ao Sugo.
A opção de não seguir o antigo UE deixou uma série de fãs desolados, como assim ocorreu com o novo Star Trek de J.J. Abrams, que optou por desconsiderar 40 anos de conteúdo já produzido sobre a franquia. Ignorar o Universo Expandido é simplesmente desconsiderar muito do que têm sido feito ao longo de 20, 30 anos e que os fãs já conhecem de cor e salteado. O próprio Timothy Zahn, um dos maiores autores do Universo Expandido disse sobre a compra da Disney que os novos filmes não precisam ser baseados em livros e quadrinhos já feitos, mas sim aproveitar alguns ganchos e enredos disponibilizados pelo UE , ou seja, tudo tem jeito.
Contudo, todo o material continua sendo vendido (lógico) e à disposição de todos os interessados com o selo Legends. Vale lembrar que todo o conteúdo deste artigo ainda é válido quando pensamos apenas o selo Legends, com a ressalva, portanto, de um outro canon chegando por aí. Pois é, parece História em Quadrinhos da Marvel e DC, com sua profusão de “universos expandidos” que se chocam e se distanciam a todo momento… Para quem quiser saber mais sobre o NOVO canon, basta clicar aqui!
O papo está bom, mas como a própria imensidão do Universo Expandido exige, deixarei para falar mais para depois, em outros artigos espalhados por aqui no Ao Sugo. Como um artigo introdutório, espero que tenha sido ao menos interessante para quem não conhecia a coisa toda… vale dizer que, apesar de algumas tragédias envolvendo o UE , existe muita coisa boa que deve ser lida pelos fãs. Portanto, fiquem de olho.
Achei até pedagógico… rs…rs…rs…
No entanto, seria interessante que vcs, das próximas vezes, incluíssem , tb, no lugar de “meu caro e nobre mancebo”, as aficcionadas por SW. Ou será que sou a única ??? Será ???
Ahah,
Olá Andréa. Com certeza você não é a única aficcionada por Star Wars, eu conheço algumas mulheres que também adoram a saga dos Skywalker… Mas MAS tomarei cuidado com os próximos artigos, rs.
Que a Força esteja com o Mickey,
Victor Hugo
Tava indo muito bem… mas falar “Que a força esteja com o Mickey” foi sacanagem!!!!
Ah, eu não duvido de mais nada agora, Gobato. Só me resta ser positivo a respeito, ahah.
Que a Força esteja com a Minnie,
Victor Hugo
Ah, agora gostei… a Minnie…
Só um comentário, Andréa… apesar de rogar tudo quanto é praga, achei o Star Wars Angry Birds muito divertido. Besta, mas divertido… rs
Victor Hugo
Que lega o artigo, muito explicativo e didático. Gostei de ler para ter uma ideia sobre o UE do Star Wars, apesar de ser um grande fã, nunca tive dinheiro suficiente para acompanhar as produções, e quando tinha sempre me perdia no que ler primeiro, o que é bom ou não, então acabei nunca me dedicando a isso.
Vou ver se me redimo e procuro me inteirar mais sobre o assunto.
Acho que poderia ter um Coringa responde sobre o assunto, ou melhor um Vader responde…
Abraços
Eu também sofro com isso, mas com o tempo comprei três livros Não precisa se preocupar com essa história de se perder é normal e você consegue entender as histórias. Tente começar pela famosa trilogia Thrawn do Timothy Zahn ou o livro “Kenobi” do John Jackson Miller
Muito bom a matéria sobre o UE
Sabe o que eu acho? Coisas perdidas