Conan, O Bárbaro (2011) – Está aí um filme que consegue ser pior que Conan, O Destruidor

Pois bem, se Conan, O Bárbaro (2011) não for uma ofensa a uma das criações mais interessantes do século XX, com certeza é um tapa na cara do seu falecido criador, Robert E. Howard. O remake de 2011 com Jason Momoa me causou tanta aflição que nem sei por onde começar a minha análise.

Primeiramente, deixemos um ponto muito claro e óbvio: as comparações são inevitáveis. Conan é um personagem tão lendário quanto a sua trajetória nos livros, quadrinhos, televisão, cinema e jogos, sendo evidentemente um poderoso ícone da cultura pop e nerd já bastante discutido aqui no Ao Sugo (ou seja, se quiserem saber o que a gente acha do Conan, você deveria procurar os posts por aqui se ainda pretende entender minha breve review). Em relação a TUDO o que já foi feito para o bárbaro cimério, certamente que este filme é, juntamente com o seriado de televisão e desenho animado, uma das piores coisas já feitas.

Imaginei estar preso numa uma terceira continuação dos filmes de Dungeons & Dragons, em looping, com atores ruins e uma estética bastante brega, condenando a cada 5 segundos a maldita trilogia do Senhor dos Anéis de Peter Jackson. Calma, explico: adoro a trilogia tolkieniana e gosto muito da adaptação para o cinema, contudo, vendo Conan só consigo lembrar nos aspectos negativos da brincadeira do Um Anel.

SdA criou um patamar e uma estética tão ímpar para o mundo dos épicos de fantasia medieval em Hollywood que agora qualquer diretor se vê pressionado a repetir as mesmas coisas. Agora temos sempre inúmeros exércitos lutando por causas impossíveis, vários guerreiros e cavaleiros ocupando vastas planícies e gritando todo tipo de grito de guerra, transformando os brados guerreiros em uma das coisas mais clichês dos últimos 15 anos. Além disso, temos tantas quantas panorâmicas sobre cenários gigantescos e épicos, mostrando cidadelas que quase tocam o céu quase a todo momento. Lembrem-se da palhaçada cinematográfica chamada Cruzada e entenderão do que estou falando…

Ok. Agora tirem atores com atuações seguras. Tirem também qualquer possibilidade de roteiro inteligente. Selecione uma trilha sonora incipiente, porém do gênero “épico” (seja lá o que for isso) e prepare-se para muitos efeitos mirabolantes de computação gráfica, além das paisagens idílicas e quase impossíveis. Acelere tudo em 1000% e você tem Conan, O Bárbaro (2011).

É MANDATÓRIO que eu comece pelas locações e cenários. Eu nunca vi cenários tão lindos e interessantes exibidos em um filme (talvez até mais interessantes do que a Terra-Média de Peter Jackson, arrisco dizer), em várias locações a perder de vista, porém todas absurdamente mal aproveitadas. Em um filme de 113 minutos o nosso herói praticamente passeia por todos os países hiborianos em flashes fantásticos: a gente vê o cara chegando, passando e indo embora a 200km/h. Muito provavelmente, na cabeça do diretor e dos produtores essa exibição de todo continente hiboriano “é tudo o que os fãs de R. Howard e Conan querem ver”. Mentira! Não deu pra entender nada! Não deu para prestar atenção em nenhum cenário, não deu para relacionar ele com a história, não deu para nada de nada de nada de nada! Pelo amor de Mitra, o que aconteceu, minha gente?

O mesmo vale para os personagens e o roteiro. São tantos personagens aparecendo de maneiras irrisórias que é praticamente impossível memorizar o nome de cada um deles a não ser do próprio Conan (que também é qualquer coisa menos o Conan de Howard). E ainda tive a sorte de ver que o nome da donzela foi repetido no final, Tamara, senão tinha esquecido isso também. Não quero desmerecer os atores, pois entendo que dessa vez muito da culpa está na mão dos roteiristas. O pessoal do roteiro decidiu misturar um plot épico impossível com várias tramas e subtramas que, meus caros, não cabem em apenas 113 minutos de filme! Frases péssimas pontuam por fim a tragédia (que é tudo menos grega), deixando o personagem que nos livros e quadrinhos é sábio e inteligente num cara ignorante, musculoso e sedento de sangue. E pior: num plano de vingança ridículo que não convence ninguém!

Muitos cenários, muitas locações, muitos personagens, tudo como num surto esquizofrênico do Bombata depois de levar um couro do cimério no sofrível Conan, O Destruidor. É tudo muito rápido, mas tão rápido que o telespectador não consegue reter nada. Até as transições em fade out são rápidas demais, é impressionante… Salve o Rewind! O mesmo vale para a trilha sonora, cheia de temas que são reproduzidos com tanta pressa que acabam não marcando nada. Maluco, deixa eu te ensinar: se você quer fazer uma trilha com leitmotif, então por favor que faça direito e faça com que os telespectadores se LEMBREM dos temas!

Sinto muito, mas não gostei. Foram desnecessárias todas as vezes que os inimigos jorram litros de sangue para situações impossíveis, assim como a sonoplastia das espadas, adagas e machados que é exagerada demais, sendo pior que o pior episódio de Cavaleiros do Zodíaco. Por fim, não, Morgan Freeman não é o Mako. Um amigo me disse há pouco para curtir a produção como se fosse um “filme pipoca”, mas nem isso foi possível. Primeiro que não tinha pipoca. Segundo que não tinha nem filme.

Victor Hugo, desesperado, procurando pelo Segredo do Aço

Saiba mais sobre Conan aqui no Ao Sugo:

Rádio Ao Sugo 1 – O Segredo do Aço (podcast com tudo sobre Conan, O Bárbaro)

Rádio Ao Sugo 7 – Fantasia Medieval na Taverna (podcast discutindo a literatura de Howard)

Conan, O Bárbaro (artigo sobre Conan, O Bárbaro)

E He-Man já foi Conan (artigo sobre como Conan foi transformado em He-Man)

O Segredo do Aço (jogo em flash inspirado no cimério)

Aventuras de Espada e Magia – Parte 1 (Howard, Conan e o RPG)

3 comentários sobre “Conan, O Bárbaro (2011) – Está aí um filme que consegue ser pior que Conan, O Destruidor

  1. Assisto todos os filmes de conan até hoje, se não gosta respeito a opinião más ruim é esses lixos de hoje.

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