Desde que a mini-série Batman – Cavaleiro da Vingança terminou fiquei imaginando quais seriam as 04 melhores encarnações do Batman. Bom, o velho Morcego é meu personagem de HQ preferido. E como já leio HQ há mais de 25 anos ininterruptos, achei por bem revisitar minhas memórias e escolher 5 versões desse personagem (apenas nas HQ). É claro que as muitas faces do Batman se devem, é claro, aos escritores que trabalharam com o personagem e auxiliaram na solidificação deste que é, na minha opinião, o melhor personagem de HQ. Então, vamos lá nessa difícil escolha (ou não?) das 4 maiores encarnações do homem-morcego.
1) Batman – O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller
É. Não tem jeito. Até hoje quando penso em Batman, a primeira e mais qualificada caracterização é a feita por Frank Miller em Batman – The Dark Knight Return’s (ou no Brasil, simplesmente Batman – O Cavaleiro das Trevas). Um Bruce Wayne aposentado e mais amargo, bebendo muito todos os dias para esquecer a fera que rugia em seu peito, uma Gotham City tomada pelo caos e um Comissário Gordon cada vez mais sobrecarregado de trabalho e stress e um mundo a beira de um precipício sobrevivendo, verdadeiramente, por um fio. É neste mundo que vemos que para que Gotham City possa ser segura, um Batman é necessário. Não um Batman, mas o Batman. A ação vertiginosa, a bem elaborada rede de personagens coadjuvantes e o ritmo frenético e cinematográfico impostos por Frank Miller nessa obra além, é mais do que claro, de um Batman velho, mais objetivo e frio e disposto a ir onde é necessário para eliminar a criminalidade torna essa HQ a mais poderosa HQ do Batman em todos os tempos. Sim, Frank Miller redefiniu o personagem definitivamente. E para sempre.
2) Batman – Cavaleiro da Vingança de Brian Azzarello e Eduardo Risso
Realidades alternativas são sempre interessantes. E no mundo de Flashpoint (criado por Geoff Johns) não foi diferente. E, pra variar apenas um pouco, a melhor caracterização alternativa a uma personagem da DC Comics foi a do Batman. E neste caso, embora exista o manto do Morcego, não é Bruce Wayne que o veste e sim seu pai, Thomas Wayne. Quando me deparei com essa perspectiva, fiquei imediatamente empolgado. Afinal, não me lembro em nenhuma outra HQ da DC Comics alguma que “concede-se” a Thomas Wayne o manto do Batman. E lendo a HQ fiquei completamente fascinado pela construção da personagem: Thomas Wayne era um velho rabugento e extremamente sarcástico, dono de um Cassino, amigo do Comissário Gordon e um Batman muito, mas muito mais violento. Um verdadeiro justiceiro. E iniciou essa vida de vigilante devido a morte de seu filho Bruce Wayne, pelas mãos de Joe Chill. Thomas Wayne vingou seu filho e se tornou, depois, o Batman. Essa mini-serie de autoria de Brian Azzarello e Eduardo Risso nos apresentou um Batman como há muito não se via e me lembrou e muito o Batman de Frank Miller. Mérito para Azzarello que escreveu a história. E até a caracterização do Batman/Thomas Wayne lembrou muito o “jeito” do Cavaleiro das Trevas. Mérito para Eduardo Risso. Não tenho medo de apontar que essa caracterização é a minha segunda preferida.
3) Batman – Ano Um de Frank Miller e David Mazzuchelli
E lá vem Frank Miller novamente. Desta vez nos presenteando com Batman – Ano Um. Sempre achei essa HQ muito curta, mas espetacular. E com uma pegada noir excelente. E perfeitamente cinematográfica. Nela, vemos a história pregressa de Bruce Wayne e seus primeiros momentos como Batman e os primeiros contatos com James Gordon e com aquela que se tornaria sua parceira/inimiga/amante/amiga Selina Kyle, a Mulher Gato. Toda a HQ é espetacular. Seja pela boa construção da trama como pela caracterização de um Batman ainda “engatinhando” no combate ao crime, (re) conhecendo inimigos e estabelecendo suas primeiras alianças. Temos o conflito interno de Bruce Wayne e seu sentimento de revolta e impotência com um mundo que lhe tirou a família e lhe deu de presente apenas a fúria e o sentimento de fazer justiça (ou ainda vingança?). É uma HQ para ficar no hall das melhores de todos os tempos. E está na minha prateleira de “mais sagradas”. Está pra sair a animação de Batman – Ano Um (e depois de Cavaleiro das Trevas) e só fico imaginando minha euforia quando for assistir.
4) Batman de Grant Morrisson
Grant Morrisson é um doente psíquico. Maluco Simples. Mas é um doente psíquico genial e trabalhando com o Batman, o escocês praticante de magia do caos conseguiu caracterizar o Batman de uma maneira inovadora. Na sua passagem pela Liga da Justiça, o Batman foi um estrategista e líder por excelência (principalmente na saga dos marcianos brancos que reapresentou a Liga da Justiça e até hoje me deixa empolgado) e na série mensal do Batman, Morrisson conseguiu criar um “novo universo” do Batman que só um grande escritor faria e o caracterizou de maneira maluca através do “Batman de Zur-en-Arrh” durante a saga Batman – R.I.P. Morrisson, como um grande escritor, soube bem como incorporar elementos cronológicos como poucos escritores habilidosos e criativos conseguiram. E depois ainda nos presenteou com uma série completamente inovadora, Batman & Robin, com um outro Batman sob o capuz (Dick Grayson) e um novo Robin (Damien Wayne), invertendo a lógica de atuação de ambos e apresentando um carrossel de inimigos novos e velhos e com objetivos alucinados.
Ben Hazrael, direto do Poliarquias e do Cabaré das Idéias para o Ao Sugo
Marcelo A., 39, designer gráfico, São Carlos-SP.
Excelente artigo. Realmente expõe grandes obras que, creio eu, só seriam superadas em uma fração infinitesimal.
Lembro-me também de “As 10 noites da Besta”, “O Messias” e “Piada Mortal”. São clássicos que felizmente acompanhei nas ocasiões de lançamento e justamente quando comecei a me interessar pelo ‘Cruzado de capa’.
Parabéns pelo ótimo texto e aguardo um desses com o Homem de Aço.
Abraços a todos do Ao Sugo.