Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante…

Star_Wars_by_spewtank

Assim como em se tratando de blog, podcasting, twitter, facebook, orkut, multiply e afins eu ainda encontro uma grande resistência da minha parte quanto aos ebooks e audiobooks. Em relação aos e-books eu já comentei a minha opinião brevemente em dois ou três oportunidades aqui no Ao Sugo, todavia, sempre que há outra chance, não posso desperdiçá-la (o blog é meu, oras!): apesar de economizarmos dinheiro e árvores ao comprarmos ou baixarmos e-books, ainda não sei se compensa  tanto esforço e economia se gastaremos provavelmente o dobro posteriormente com o oftalmologista. Os geeks que me perdoem por não conseguirem enxergar o mundo além dos computadores, mas enquanto não sabemos como melhorar essa tecnologia maldita de monitores e displays, não tem como não ficarmos cegos olhando para esta tela branca.

Por outro lado, minha resistência aos audiobooks é de outra ordem, contudo, bastante vinculada à minha crítica aos e-books. Como leitor inverterado – tanto por hobby quanto por obrigações acadêmicas – não sei, dos leitores inverterados como eu, quem não gosta de poder manusear os livros impressos nas mãos, poder avançar e voltar as páginas sem usar uma scroll bar desajeitada, poder sentir a textura do papel, o cheiro de livro novo recém-saído da gráfica, etc. Poder andar com o livro embaixo do braço sem estarmos presos à baterias, pilhas, telas e outras “benesses” tecnológicas nos garante diversão por horas a fio e nos momentos mais improváveis: filas, ônibus, metrô, etc. E com o audiobook, oras, eu não temos nada disso.

Criados como parte integrante do projeto de “Leitura para Adultos Deficientes Visuais” do Congresso norte-americano em 1931 os audiobooks ou, naquela época chamados de talkative books, seriam uma oportunidade de ouro para os deficientes visuais obterem acesso à literatura e às aventuras, tramas, romances, suspenses, tragédias e comédias do mundo literário. Nestes audiobooks teríamos os livros narrados e gravados originalmente em discos, fitas-cassete e, como manda a nova onda, arquivos digitais para você poder ouvir no seu “player” portátil, em duas versões, bridged e unabridged, versões integrais ou adaptadas, respectivamente.

Da popularidade dos audiobooks observamos o crescimento dos Lazy Clubs nos Estados Unidos, grupos de “leitura” que não lêem nada. Escutam. Compram seus audiobooks em sites especializados e discutem as peripécias de seus heróis prediletos que ouviram com seus fones de ouvido, abandonando assim a leitura dos livros impressos por inúmeras razões, como a falta de tempo, comodismo, etc e, principalmente, abandonando a prática da escrita. Não é à toa que num mundo de letrados tenhamos tanta gente neste planeta que não sabe escrever direito…

Não obstante, apesar da longa crítica inicial venho aqui apresentar uma descoberta tardia aos leitores do Ao Sugo e, pasmem, tecer elogios sobre alguns audiobooks que topei nos últimos dias. Primeiramente gostaria de agradecer ao pessoal do Nerdcast pelas dicas em algumas edições do podcast que me deixaram curioso para querer saber mais sobre os Star Wars Radio Dramas, novelizações da saga nerd mais querida de todos os tempos, Guerra nas Estrelas.

Longe de serem audiobooks tradicionais simplesmente narrados por um “narrador” sem a menor vontade do mundo, estes Star Wars Radio Dramas seriam rádio-novelas com a presença de atores interpretando seus personagens favoritos como o Mestre Luke Skywalker, Lord Darth Vader entre outros, a sonoplastia de Ben Burt com os sons originais dos filmes, além da trilha sonora de John Williams tão reverenciada pelo mundo nerd.

Dos que pude ouvir indico duas sagas, a Star Wars Dark Forces e a Star Wars Dark Empire. Com qualidade de áudio impecável encontramos nestas duas rádio-novelas várias histórias desconhecidas do fã mediano de Star Wars que não conhece o tal do Universo Expandido, além de poder reviver nestes dois casos as aventuras de uma famosíssima série de jogos para computadores e uma belíssima saga em quadrinhos respectivamente.

Para não passar por deselegante, o Universo Expandido consiste em todas as outras aventuras vividas pelos personagens vistos nos filmes, porém antes, durante e depois dos longa-metragens. Para adiantar algumas destas aventuras, Exar Kun já era um Lord Sith muito mais antigo e poderoso tal qual o Imperador Palpatine, o ridículo caçador de recompensas Boba Fett não morre no Episódio VI (sinto muito nerds norte-americanos… mas eu não sei o que vocês vêem no Boba Fett, morto por ter tropeçado num grão de areia e caído na boca da minhoca gigante chamada Sarlacc), a Leia Organa se casa com o Han Solo e tem três lindos filhos… jedis e o Luke Skywalker tem o casamento mais legal de toda a Galáxia Conhecida

Como você pôde entender pelo parágrafo anterior, está é perdendo tempo, caro leitor. Todavia, para não assustar vocês falando que existem zilhões de coisas para serem lidas do Universo Expandido (conformem-se, existem zilhões de coisas para serem lidas do Universo Expandido), vocês podem procurar por estes dois Star Wars Radio Dramas e assim livrarem um mínimo as suas consciências antes do julgamento final.

A trilogia Dark Forces é, para além de uma novelização, a versão mais consistente da história do herói mais favorito do mundo dos games de Star Wars, Kyle Katarn. De Oficial do Império Galáctico a Agente da Aliança Rebelde até Cavaleiro Jedi, esta saga produzida pela HighBridge Audio de um pouco mais de 6 horas garante momentos inesquecíveis aos fãs de Star Wars, com exceção, talvez, da voz sofrível que escolheram para o robô que nem fala WeeGee. É, nos jogos ele nem fala. Mas, diferente dos games de mesmo nome, esta trilogia agora falada oferece um encerramento muito mais consistente e à La Star Wars, merecendo por si só o nosso respeito.

Já a saga Star Wars Dark Empire ganha um pouco mais das minhas críticas, mas nem mesmo assim não divertida ou chata. Dividida em Dark Empire I, Dark Empire II e Empire’s End e produzida pela Warner Brothers, a saga foi baseada nas histórias em quadrinhos de nome homônimo publicadas pela Dark Horse Comics no começo da década de 90, sendo absurdamente importante por marcar o revival de Star Wars no mundo após o Episódio VI. Prometendo contar o que aconteceu alguns anos após este filme, temos aqui um Mestre Luke Skywalker mais experiente com a Força, além de uma Leia Organa… agora Solo – aprendendo alguns dos segredos desta energia mística querida por todos nós, entre outras coisas mais.

Das duas que indico, já aviso de antemão que a trilogia Dark Forces é, na minha humilde opinião de nerd chato aficcionado pelo Universo Expandido, a mais bem feita no sentido de uma produção fiel aos games e aos filmes: com sonoplastia impecável, um casting muito interessante e aquela trilha sonora usada nos momentos marcantes da história, é fácil acreditar estar ouvindo um filme, sabem, quando vocês colocam um DVD na sala e vão para a cozinha, só escutando o que está acontecendo? Pois bem, memorável, nota 10.

Dark Empire peca pelo casting e principalmente pelo pouco uso da trilha sonora de John Williams. Aos poucos você vai se acostumando com as vozes de Han Solo, Luke, Leia e até mesmo de um Imperador Palpatine carregado com um sotaque vindo da Europa Oriental, mas me perdoem: não sei por que, pela Força, que acabaram com o personagem Brand. O personagem, um antigo cavaleiro jedi e agora cibernético se mostra ao ouvinte como um brinquedo infantil, com uma voz robotizada caricata que elimina qualquer possibilidade de transmitir alguma dramaticidade razoável nos momentos de clímax. Claro, se você relevar este aspecto e ouvir a rádio-novela pela sua importância histórica, ok, está valendo.

Para encerrar, a dica está dada: escutem os Star Wars Radio Dramas, mas por favor, não larguem os livros impressos, não alimentem negativamente a nossa já  adorável – péssima – média de leitura brasileira. Finalmente, apesar de ser resistente a todas estas “novas mídias”, agradeço aos leitores pelo sucesso do Ao Sugo.

Lord Darth Victor

Imagem: Ilustração de Spewtank, DeviantArt.Com

Leia também:

Relembrando Star Wars Dark Forces

5 comentários sobre “Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante…

  1. Parabens pelo artigo.. muito bom…
    Com relaçao aos E-books… eles tem uma certa comodidade, apesar de nao substituir um livro impresso… MAS….. não mexa com os GEEKS….Eles podem te formatar…

  2. Ei Vic… vc n manja nada!!! Pega o e-book, se for em pdf converta pro word. Blz, seu e-book ta no word? Pronto, selecione td. Ai vc troca o fundo pra cor que quiser, inclusive preto igual aqui no blog. E n se esqueça de mudar a cor da fonte tb, assim vc n vai mais ter problemas com a tela branca!!! E o mais incrivel é que vc pode reconverter pro pdf depois!!!

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